Comentário semanal: crise na Europa guia Ibovespa à 2ª semana seguida de perdas
As ações da Telemar Norte Leste (TMAR5) voltaram a fechar a semana como o principal destaque de alta dentre os papéis que compõem o Ibovespa, com valorização de 8,24%, cotadas a R$ 55,20 cada. Enquanto isso, os ativos da B2W (BTOW3) recuaram 12,57% na semana, a principal queda dentro do índice, terminando o período aos R$ 11,55 cada.
Petro e ValeEntre os papéis mais líquidos do índice, as ações da Vale (VALE3, -0,39%, R$ 45,42; VALE5, -0,24%, R$ 42,15) tiveram queda na semana. A principal referência para os papéis foi a publicação do edital da OPA (Oferta Pública de Aquisição) das ações da Vale Fertilizantes (FFTL4) pela mineradora, na quinta-feira.
Já os papéis da Petrobras (PETR3, -0,21%, R$ 23,85; PETR4, -0,63%, R$ 21,96) refletiram um noticiário corporativo mais movimentado, e dominado, sobretudo pela divulgação de resultados da companhia. Analistasdivergiam sobre os números que iriam ser apresentados, mantendo as ações praticamente estáveis durante a semana. Outra referência que chamou a atenção dos investidores foi o anúncio de a estatal encontrou petróleoem um poço na área de Franco, no pré-sal da Bacia de Santos.
Gregos e italianosA Europa continuou a ser a principal preocupação do mercado durante a semana. Na segunda-feira, o mercado refletia uma possível mudança de primeiro-ministro na Grécia. Alguns nomes foram especulados, mas a escolha de Lucas Papademos para o cargo só veio na quinta. O novo premiê encabeçará um governo de coalizão, reformando o gabinete ministerial, mas mantendo Evangelos Venizelos como ministro de Finanças.
A maior referência, contudo, dessa semana foi a Itália - terceira maior economia da Zona do Euro. Na segunda, já se especulava que Silvio Berlusconi, primeiro-ministro do país, renunciaria, aumentando o grau de incerteza do mercado. O premiê italiano eventualmente prometeu deixar o cargo assim que fossem aprovadas novas medidas de austeridade, fato que só ocorreu nesta sexta-feira, abrindo caminho para sua resignação.
Autoridades importantes, como o primeiro-ministro britânico, David Cameron, já haviam classificado a situação italiana como "um perigo claro e constante". Os temores acerca do país preocupam o mercado, o que fez os yields dos títulos públicos de 10 anos alcançarem rendimento de 7,4%, marca considerada insustentável. A economia inteira da Zona do Euro se vê pressionada pelo atual cenário, fazendo com que a União Europeia reduzisse suas projeções de crescimento na região para os próximos anos.
Agenda doméstica e resultadosA agenda doméstica esteve em segundo plano durante os pregões de 7 a 11 de novembro. O Relatório Focus voltou a reduzir a projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) nacional, enquanto o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) mostrou desaceleração no avanço dos preços.
Outros importantes indicadores da economia nacional divulgados nesta semana foram a Pesquisa Industrial Mensal Produção Física - Regional, Levantamento Sistemático sobre a safra agrícola brasileira, vendas do comércio varejista, Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil e a Pesquisa Industrial Mensal sobre emprego e salário.
Embora os números da economia brasileira tenham forte relevância, especialmente em um cenário de deterioração da economia global, o principal vetor dos mercados nesta semana por aqui foi a agenda de divulgação de resultados corporativos. A primeira empresa a divulgar foi Hypermarcas (HYPE3), registrando prejuízo, assim como a MMX Mineração (MMXM3), TAM (TAMM4), GOL (GOLL4), Braskem (BRKM5), LLX Logística(LLXL3), Marfrig (MRFG3), Cesp (CESP6), OGX Petróleo (OGXP3), B2W (BTOW3) e Light (LIGT3), muitas impactadas pela grande valorização câmbial durante o trimestre.
Por sua vez, o restante das empresas tiveram lucro no acumulado de julho a setembro. É o caso de Usiminas(USIM3, USIM5), AmBev (AMBV4), Cyrela (CYRE3), CCR (CCRO3), Lojas Americanas (LAME4) e Cosan (CSAN3), que tiveram, porém, menos lucro do que o que havia sido registrado no mesmo trimestre do ano anterior. Por sua vez, Itaúsa (ITSA4), BM&F Bovespa (BVMF3), Ultrapar (UGPA3), Gerdau (GGBR4), Copel (CPLE6), Rossi(RSID3), Eletrobras (ELET3; ELET6), AES Tietê (GETI4), AES Eletropaulo (ELPL4), Telefônica Brasil (VIVT4) eCPFL Energia (CPFE3) apresentaram avanços nessa linha de seus resultados na comparação anual.
Agenda americana predominantemente positivaA agenda norte-americana esteve carregada na semana. Consumer Credit veio melhor do que indicavam as projeções dos analistas, assim como o Initial Claims, a balança comercial de setembro, o Treasury Budget e o Michigan Sentiment. Por sua vez, o Wholesale Inventories decepcionou o mercado.
Ainda por lá, os investidores repercutiram o discurso de Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve, na quinta-feira. Bernanke afirmou que a instituição irá concentrar seus esforços em reduzir a taxa de desemprego dos EUA, atualmente em 9%, patamar considerado elevado para o país.
Câmbio e Renda FixaRefletindo a piora de humor no mercado, o dólar comercial registrou alta de 0,11% nesta semana, terminando a R$ 1,7439 na venda. A moeda apresentou desempenho quase oposto do Ibovespa, por ser um investimentoprocurado quando da piora do humor no mercado e preterido com a melhora.
No mercado de juros futuros da BM&F Bovespa, o contrato de juros de maior liquidez nesta semana, com vencimento em janeiro de 2013, registrou uma taxa de 9,97%, queda de 0,26 ponto percentual no período.
No mercado de títulos da dívida externa brasileira, o Global 40, bônus mais líquido, encerrou cotado 131,81% de seu valor de face, queda de 0,60% na semana.
Já o indicador de risco-País registrou queda de 3 pontos-base na semana, aos 216 pontos.

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