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domingo, 9 de outubro de 2011

Entenda como funciona o mercado de opções de ações na Bovespa

Contratos servem para fazer apostas sobre preços de ações.
Opções movimentaram mais de R$ 40 bilhões no ano passado.
Paula Leite Do G1, em São Paulo

Foto: Evelson de Freitas/Agência Estado
As opções de compra e venda de ações são instrumentos financeiros muito usados por investidores, e o vencimento delas costuma mexer com a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) devido ao grande volume de "apostas" feitas com esses contratos.

As opções de compra e venda movimentam grandes volumes na Bovespa. Em 2009, as opções de compra totalizaram negócios de R$ 57,7 bilhões, alta de 39% sobre 2008. Já as opções de venda tiveram R$ 2,6 bilhões em negócios no ano passado. O mercado de opções no Brasil é dominado por Petrobras e Vale, que representam quase 90% do volume deste tipo de contrato.

Na Bovespa, as opções de compra e venda dizem respeito somente a ações, mas na BM&F, há opções para produtos agropecuários, como milho e café, e produtos financeiros, como dólar. As opções agropecuárias são usadas muitas vezes para produtores ou exportadores para se proteger de variações de preço entre o plantio e a entrega do produto, por exemplo.

Compra e venda
Existem dois tipos de opções: de compra e de venda. Normalmente, a opção de compra é usada quando se espera que uma determinada ação vá subir. Já a opção de venda é usada para se proteger no sentido contrário, ou seja, quando é possível que a ação caia.

As opções, conforme diz o nome, dão ao comprador do contrato a opção de comprar ou vender uma determinada ação por um preço pré-estabelecido dentro de um prazo estipulado. Quando termina esse prazo, as opções vencem, e é nessas datas de vencimento, que o principal índice da Bovespa, o Ibovespa, pode sofrer influência devido ao grande número de ações que trocam de mãos.

Pessoas físicas
De acordo com Julio Carlos Ziegelmann, diretor de renda variável da BM&FBovespa, no mercado de opções de ações as pessoas físicas são as maiores participantes. Os investidores usam as opções de duas formas, principalmente, diz ele: para se proteger ou para fazer apostas diretas.

No caso do uso das opções para proteção, um investidor que tem muitas ações de uma determinada empresa pode comprar opções que permitam que ele venda a ação por um determinado preço. Assim, ele está protegido de perdas maiores se a ação cair abaixo desse preço.

Já as apostas diretas são um pouco mais complicadas: vamos supor que uma ação hoje custa R$ 12 e o investidor compra uma opção de comprá-las a R$ 14, pagando R$ 1 pela opção. Se a ação subir para R$ 16, por exemplo, o preço da opção também subirá. O investidor pode então vender a opção e lucrar.

"A pessoa física que investe em opções conhece bem o mercado. Geralmente, as corretoras avaliam o conhecimento do cliente ou oferecem treinamentos antes de habilitá-lo a operar com opções", diz Ziegelmann.

Ele explica que, no vencimento de uma opção, se ela puder ser exercida (se valer a pena usá-la), o volume financeiro da Bovespa pode subir bastante no dia. Além disso, com muitas pessoas comprando ou vendendo uma determinada ação, por conta das opções, isso pode influir no preço da ação propriamente dita.

Exemplos
Veja abaixo exemplos de negócios com opções de compra:

A ação da empresa fictícia XYZ fechou cotada a R$ 50 nesta sexta (22).

Vamos supor que o investidor Fulano compre de Sicrano uma opção que dá o direito a ele de comprar a ação por R$ 52 em 22/02, e paga R$ 4 por esse contrato.

No primeiro cenário, em 22/02 a ação da XYZ vale R$ 60. O investidor Fulano exerce sua opção, compra de Sicrano a ação da XYZ por R$ 52 e vende a um terceiro investidor por R$ 60.

Como ele gastou um total de R$ 56 (R$ 4 da opção em si e R$ 52 para comprar a ação), ele embolsa um lucro de R$ 4. Sicrano tem um prejuízo de R$ 4, pois vendeu por R$ 52 uma ação que agora vale R$ 60 (prejuízo de R$ 8), mas havia recebido R$ 4 pela opção.

Em outro cenário, o dia 22/02 chega e a ação da companhia XYZ cai e vale só R$ 48. Fulano então simplesmente não exerce sua opção, pela qual já pagou R$ 4; Sicrano tem um lucro de R$ 4.

Um raciocínio similar vale para a opção de venda. Veja os exemplos abaixo:

A ação da empresa fictícia XYZ fechou cotada a R$ 50 nesta sexta (22).

O investidor Fulano tem ações da XYZ e compra de Sicrano uma opção que dá o direito a ele de vender a ação por R$ 50 em 22/02, pagando R$ 4 por esse contrato.

No primeiro cenário, em 22/02 a ação da XYZ vale R$ 42. Fulano exerce sua opção, vende sua ação por R$ 50 a Sicrano, embolsando R$ 4 de lucro (uma vez que pagou R$ 4 pelo direito de venda). Sicrano tem prejuízo de R$ 4.

Em outro cenário, porém, a ação da XYZ vale R$ 52 em 22/02. Fulano simplesmente não exerce sua opção, tendo prejuízo de R$ 4 (valor que pagou pela opção); esses R$ 4 vão para a mão de Sicrano.