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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

BC atua 2 vezes, mas dólar sobe por impasse nos EUA


Remessas ao exterior e impasse fiscal estimularam avanço da moeda, mesmo com leilões do BC

Nalu Fernandes e Ana Luísa Westphalen - AGÊNCIA ESTADO
  
São Paulo - A moeda norte-americana iniciou o dia em alta e manteve-se nesta trajetória ao longo da sexta-feira, apesar de leilões do Banco Central. O avanço do dólar ante o real acompanha o movimento externo, diante do impasse em torno da questão fiscal nos Estados Unidos. No ambiente doméstico, operadores citam um fluxo negativo alimentado por remessas corporativas ao exterior antes do início das festas de fim de ano.
O declínio semanal do dólar encolheu de 1,25% até quinta-feira, para 0,72%, em grande medida, em reflexo à aversão ao risco no exterior e consequente busca dos investidores por abrigo na divisa dos EUA.
Na máxima do dia, o dólar tocou R$ 2,0810. Na mínima, a moeda chegou a R$ 2,0690. Em dezembro, o recuo do dólar é de 2,54% e, no ano, há alta de 10,91%.
Após a abertura das Bolsas em Nova York em declínio, o dólar renovou máximas no mercado de balcão ante o real. As incertezas quanto a uma resolução para evitar o abismo fiscal nos EUA foram os principais condutores da elevação da divisa. No exterior, perto das 16 horas, o dólar norte-americano subia 0,65% ante o australiano, avançava 0,53% ante o canadense e subia 1,22% ante o neozelandês.
No ambiente interno, um estrategista observa que "houve saídas pela manhã, também contribuindo para a elevação do dólar, afinal muitas empresas já estarão em férias coletivas a partir da próxima semana e só retornam em janeiro". Portanto, para agentes financeiros, a perspectiva é que, com grande parte já encaminhada das remessas corporativas para honrar compromissos de final de ano, a pressão de alta sobre o dólar na próxima semana tenderá a ser menor.
O Banco Central atuou no mercado de câmbio com dois leilões no período da manhã, mas não evitou que a moeda encerrasse o dia no terreno positivo. "Depois de três sessões em queda, o mercado encontrou um ponto de sustentação no patamar de R$ 2,070", segundo um operador de câmbio.
No primeiro leilão, a taxa de venda foi R$ 2,06250, a Ptax de quinta-feira, e a de compra, em 1º de março de 2013, ficou em R$ 2,08445, com elevação embutida de 1,06%. No segundo leilão, a taxa de venda foi R$ 2,07240, a Ptax do boletim das 11 horas, e a taxa de recompra, com liquidação em 1º de fevereiro de 2013, ficou em R$ 2,085470, com alta de 0,63%. Vale notar que o segundo leilão do dia não abrandou a alta do dólar, que renovou máxima na sequência da operação.
Não houve negócios com o dólar pronto na BM&F. O giro financeiro, na clearing da Bolsa, continuou magro na maior parte do dia e somava US$ 1,758 bilhão perto das 16 horas.
Nos EUA, o presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, o republicano John Boehner, fez um pronunciamento para explicar porque não conseguiu colocar em votação na noite passada seu plano B para prorrogar os cortes de impostos para quem ganha até US$ 1 milhão por ano. Boehner explicitou uma divisão dentro do Partido Republicano ao informar que houve percepção de que o projeto elevaria o nível geral de impostos e, por isso, alguns membros não apoiaram a medida. Apesar de tudo, Boehner afirmou que vai continuar trabalhando em um acordo para evitar o abismo fiscal e que a Câmara voltará a se reunir após o Natal, se preciso.
Para o estrategista do UBS Gareth Berry, o nervosismo manifestado pelos mercados ilustra a dificuldade que será alcançar uma solução intermediária entre republicanos e democratas antes do fim do ano.

Ibovespa recua por preocupação sobre abismo fiscal nos EUA


Desempenho mensal, porém, deve ser o melhor desde janeiro

REUTERS Brazil
  


Bovespa cedeu à realização de lucros nesta sexta-feira, pressionada pelo impasse nas negociações fiscais nos Estados Unidos, mas conseguiu garantir sua terceira alta semanal consecutiva e caminha para registrar seu melhor desempenho mensal desde janeiro.
O Ibovespa encerrou a sessão em baixa de 0,44 por cento, a 61.007 pontos. A proximidade das festas de fim de ano reduziu a liquidez do pregão --o giro foi de 6,53 bilhões de reais, ante média diária de 7,3 bilhões de reais em 2012.
Ainda assim, o índice acumulou alta de 2,35 por cento na semana e de 6,15 por cento em dezembro. Faltando apenas três pregões para o fim do ano, o Ibovespa acumula valorização de 7,5 por cento em 2012, no que deve ser o melhor resultado anual desde 2009.
Nesta sessão, a piora do cenário externo contaminou os negócios na bolsa paulista, com investidores cada vez menos esperançosos de que democratas e republicanos conseguirão chegar a um acordo a tempo de evitar uma crise fiscal nos EUA.
"O problema é que o mercado criou uma expectativa positiva nos últimos dias, de que as negociações estavam evoluindo e de que se chegaria a um acordo antes do fim do ano, mas agora isso parece cada vez mais difícil", disse o economista Silvio Campos, da Tendências Consultoria, em São Paulo.
"O risco aumentou, embora ainda seja mais provável que republicanos e democratas alcancem algum acordo, porque do contrário seria muito ruim para todos", acrescentou.


Se nada for feito, cerca de 600 bilhões de dólares em cortes de gastos e aumentos de impostos entrarão automaticamente em vigor no início de 2013 nos EUA, ameaçando jogar a maior economia mundial novamente em recessão.
Em Nova York, o índice Dow Jones tinha queda de 1 por cento e o S&P 500 perdia 1,02 por cento às 17h54 (horário de Brasília). Mais cedo, o principal índice europeu de ações fechou em queda de 0,32 por cento.
Na bolsa paulista, o setor de commodities pesou no Ibovespa.
A preferencial da Vale caiu 0,76 por cento, a 40,50 reais, e a da Petrobras perdeu 1,71 por cento, a 20,69 reais. OGX teve baixa de 0,70 por cento, a 4,25 reais.
A empresa de varejo eletrônico B2W e a incorporadora Gafisa lideraram as perdas do índice, com quedas de 5,2 e 2,68 por cento, respectivamente.
Em sentido oposto, empresas do setor elétrico foram destaques positivos do índice.
AES Eletropaulo disparou 9,54 por cento após anunciar pagamento de 54,3 milhões de reais em juros sobre capital próprio.
Cemig subiu 6,05 por cento, seguindo o anúncio de pagamento de um total de 3,3 bilhões de reais em dividendos extraordinários e juros sobre capital próprio.