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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Proposta da AmBev deve reduzir receio de minoritários


O relatório do Barclays não cita, mas a imagem da AmBev com os minoritários estava arranhada desde 2004, quando a empresa foi vendida para a belga InterBrew

Angelo Pavini - Arena do Pavini
  
São Paulo - A proposta dos controladores da AmBev de transformar todas as ações da empresa em ordinárias de uma nova companhia, a InBev Participações, deve reduzir o receio dos minoritários em relação ao conflito de interesses com os controladores da companhia.
"A nova estrutura mitiga essa percepção de risco", diz relatório do banco inglês, assinado pelos analistas Gabriel Vaz de Lima e Rodrigo Coelho. A InBev comprará todas as ações PN e ON da AmBev, pagando em ações ON de sua emissão.
Perdas dos minoritários no passado
O relatório do Barclays não cita, mas a imagem da AmBev com os minoritários estava arranhada desde 2004, quando a empresa foi vendida para a belga InterBrew, dando origem à AB InBev. Os acionistas minoritários donos de ações PN, sem votos, porém, não tiveram direito a parte do ganho de venda do controle, o chamado "tag along".
O papel preferencial despencou, trazendo perdas pesadas para fundos de pensão, fundos de investimentos e pessoas físicas que acreditavam que a empresa não seria vendida depois das concessões de mercado feitas pelos reguladores para sua criação. O argumento dos controladores foi de que o controle de fato continuaria com os brasileiros, ou seja, com o bilionário Jorge Paulo Lemann e seus sócios Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles. Conhecidos como "os três mosqueteiros", eles se conheceram no antigo Banco Garantia e controlam outras empresas como Lojas Americanas e B2W.
Os controladores se basearam na antiga Lei das S/A, que não oferece prêmio de controle para ações PN. Desde então, a empresa é exemplo do risco que o antigo mercado de capitais brasileiro oferece aos minoritários donos de ações PNs e vista com um certo cuidado pelos investidores.
Maior liquidez para as ações
Para o Barclays, a operação deverá também aumentar o volume negociado de ações da empresa, com a média diária saltando de R$ 108 milhões para R$ 130 milhões na Bovespa e de US$ 73 milhões para US$ 74 milhões em American Depositary Receipts (ADRs, recibos de ações) em Nova York. Isso também deverá levar a uma maior participação da empresa nos índices de mercado, como o Ibovespa, o IBrX-50, o IBrX 100 e no MSCI no exterior. O banco espera que os preços das ações ON e PN convirjam para o mesmo nível, já que eles serão convertidos pelo mesmo índice para a "nova" AmBev. Nada de Novo Mercado
Em declarações a analistas hoje, o vice-presidente financeiro da AmBev, Nelson Jamel, afirmou que a empresa não pretende entrar no novo mercado, apesar dos benefícios concedidos aos minoritários.
O Barclays destaca em seu relatório que os controladores devem seguir a decisão a ser tomada pelos minoritários durante assembleia a ser realizada no primeiro trimestre do ano que vem. A empresa garantirá aos minoritários 80% do ganho dos controladores em caso de venda da empresa, o chamado "tag-along". Maior dividendo mínimo O dividendo mínimo também deverá subir, de 35% do lucro líquido ajustado hoje para 40%. A reestruturação criará ainda um ganho fiscal de R$ 105 milhões que será dividido com os demais acionistas da nova empresa, a InBev Participações. E a companhia passará a ter ainda dois conselheiros independentes em seu conselho.

Governança da Nova AmBev na bolsa não desce redondo


Empresa quer unificar as classes de ações, mas evita ida ao Novo Mercado

Gustavo Kahil - EXAME.com
  
São Paulo - A AmBev (AMBV3AMBV4), que neste ano atingiu o posto de maior empresa da América Latina em valor de mercado, veio a público na última sexta-feira para anunciar um plano de reestruturação das suas ações na bolsa. A ideia é unificar as negociações nos papéis ordinários na "Nova AmBev"
A reorganização, além de aumentar a liquidez (hoje os preferenciais são mais negociados e fazem parte do Ibovespa), irá simplificar a estrutura societária e aprimorará a governança corporativa da empresa. Além disso, reduzirá custos operacionais e administrativos, segundo o comunicado enviado ao mercado.
"Entretanto, não percebemos os benefícios como materiais e sugerem pequenos aprimoramentos na governança corporativa pós-fusão entre a Ambev e a Interbrew", ressaltam os analistas Robert Ford, Melissa Byun, Nicole Inui e Marcelo Santos, do Bank of America Merrill Lynch.
"É óbvio que alguns elementos que não foram considerados necessariamente críticos ou relevantes a essa altura para melhoria de nossa governança tenham ficado fora (...) Nossa intenção foi fechar diferenças contra nossos principais pares globais", disse o vice-presidente financeiro da empresa, Nelson Jamel, em teleconferência com jornalistas.
A ida ao Novo Mercado pede a manutenção de uma circulação de ações no mercado acima de 25%, hoje a AmBev tem 29%, além de uma participação mínima de 20% de conselheiros independentes no Conselho. 
Segundo o banco, a opção por não aderir ao Novo Mercado sugere um desejo de manter a flexibilidade nesses temas por mais um tempo, o que poderia "reacender as preocupações de risco".
Pontos em xeque
A nova empresa terá o direito de "tag-along" de 80% para todos os acionistas, mecanismo que garante aos minoritários o mesmo preço oferecido aos controladores em caso de uma oferta de aquisição da companhia, e o dividendo obrigatório ampliado de 35% para 40% do lucro líquido. No Novo Mercado, o tag-along exigido é de 100%. Além disso, a Nova AmBev irá indicar dois conselheiros independentes.
"Dado a fatia de 61,9% da ABI, e a habilidade de nomear e votar pelos membros independentes do conselho, vemos um benefício pequeno para governança corporativa, principalmente sob a luz da exigência estatutária de manter um comitê de auditoria independente e outras proteções existentes. As novas ações terão o limite de 80% do valor do controlador em uma venda, lembrando aos investidores da continuidade da assimetria econômica", lembram os analistas do BofA Merrill Lynch.
Além disso, por meio do acordo de acionistas (leia), a Fundação Antonio e Helena Zerrener Instituição Nacional de Beneficência (FAHZ), que detém 9,6% do capital total, tem o direito de veto em questões como dividendos, investimentos, aquisições e emissões de ações ou dívidas.

Ibovespa sobe 1,3% impulsionado por ações de OGX e Petrobras


Dados sobre a produção industrial e o varejo chineses deram força aos mercados de commodities e papeis de petrolíferas puxaram a alta do índice

REUTERS Brazil
  
A Bovespa iniciou a semana no campo positivo, impulsionada pelo forte avanço das petrolíferas OGX e Petrobras, enquanto investidores seguiram atentos ao cenário na Europa e às negociações fiscais nos Estados Unidos.
O Ibovespa subiu 1,3 por cento, a 59.248 pontos, no maior patamar em mais de um mês. O volume financeiro do pregão foi de 6,27 bilhões de reais, ante média diária de 7,2 bilhões de reais em 2012.
Novos sinais de que a economia chinesa segue em recuperação animaram os mercados de commodities e puxaram também ações das blue chips e siderúrgicas brasileiras, segundo operadores.
Dados divulgados no fim de semana mostraram que a produção industrial e as vendas no varejo da China subiram em novembro no ritmo mais rápido em oito meses, apesar da forte desaceleração das exportações.
"A China tem mostrado uma sequência de dados positivos nos últimos meses, indicando que a desaceleração do crescimento ficou para trás", disse o analista Felipe Rocha, da Omar Camargo Corretora em Curitiba.
A preferencial da mineradora Vale subiu 1,38 por cento, a 37,43 reais. Companhia Siderúrgica Nacional teve alta de 5,04 por cento, a 11,26 reais.
Empresas do grupo de Eike Batista foram destaque de alta na sessão. A petrolífera OGX saltou 8,76 por cento, a 4,84 reais, enquanto a LLX Logística subiu 7,34 por cento, a 2,34 reais.
Segundo a última edição da revista Veja, a BNDESPar, braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, negocia com Eike a compra de fatias em suas empresas de capital de aberto. Procurada, a assessoria de imprensa do grupo EBX afirmou mais cedo que a empresa "não comenta rumores".
Ainda no setor de petróleo, a preferencial da Petrobras teve alta de 2,57 por cento, a 19,57 reais.
Fora do Ibovespa, a ação ordinária da Ambev subiu 11,3 por cento, a 85,25 reais, após a fabricante de bebidas ter proposto reorganização societária para simplificar sua estrutura e ter apenas ações ordinárias.
Na reestruturação proposta, a relação de troca é de 1 ação preferencial por 1 ordinária, o que explica a aproximação da cotação entre as duas classes de ações. A preferencial da Ambev , dentro da carteira teórica, subiu 0,18 por cento, a 87,91 reais.
Em Wall Street, o índice Dow Jones subia 0,17 por cento, enquanto o S&P 500 oscilava próximo da estabilidade, às 18h12.
Investidores mostravam cautela diante das negociações sobre o abismo fiscal nos EUA e incertezas políticas na Itália, após o primeiro-ministro Mario Monti ter anunciado que vai renunciar depois que o orçamento de 2013 for aprovado. (Por Danielle Assalve; Edição de Aluísio Alves)