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quinta-feira, 9 de agosto de 2012


Banco estima queda de 35% para OGX (e o risco é cair mais)

Analistas questionam os dados de produção apresentados pela companhia

 
São Paulo - O Deutsche Bank reiterou o pessimismo em relação à petroleira OGX (OGXP3) em um relatório publicado após a divulgação dos números de produção de petróleo da empresa de Eike Batista no mês de julho. "Reiteramos a nossa recomendação de venda para OGX, com um preço-alvo de 4 reais (com o risco de baixa)", destacam os analistas. A projeção implica em um potencial de desvalorização de 35% em relação ao fechamento de ontem. A companhia informou que a produção média de petróleo caiu de 9,2 mil barris de óleo equivalente (boe) por dia para 7 mil barris por dia no campo de Waimea na Bacia de Santos. Por poço, contudo, a média teria subido de 5,5 mil barris para 7 mil barris. Apesar disso, um dos dois poços em operação não trabalhou no mês de julho por conta de uma parada para a troca de troca de um equipamento. O Deutsche Bank lembra que é preciso tomar cuidado com os números porque a produtividade costuma ser mesmo menor quando os dois poços produzem simultaneamente, o que acontecia em junho. Marcus Sequeira e Luiz Fonseca, que assinam a análise, reiteram que os dados por poço só podem ser visualizados por meio da ANP (Agência Nacional do Petróleo). Segundo eles, o último dado disponível é de maio e revela uma produção de 5,4 mil barris para o poço 26HP (o que foi parado no mês passado) e de 4,8 mil barris para o OGX-68HP. "Enquanto a empresa divulgou uma média de produção por poço de 5,5 mil boe por dia em junho, notamos que os números não são indicativos da produção real de cada poço no mês. Portanto, teremos que aguardar até que os dados sejam disponíveis pela ANP", destacam os analistas. A OGX disse que um dos dois poços que estava parado para a troca de um equipamento no complexo de Waimea, e que afetou a produção em julho, voltou a funcionar no final de semana. Além das dúvidas sobre a produtividade, o banco ressalta dois pontos que ainda não teriam sido bem precificados pelo mercado, como a expectativa menor de volumes recuperáveis em outros reservatórios na bacia de Campos e as taxas decrescentes e voláteis da produção por poço ao longo do tempo, necessitando de investimentos adicionais.
"Além disso, não temos certeza se a empresa estará apta a injetar água para melhorar os níveis de produção no campo Tubarão Azul devido à existência de fraturas nos reservatórios. Baseado em conversas com especialistas da indústria, a injeção de água pode não ser apenas ineficiente quanto danosa para o reservatório", ressalta o relatório. As ações da OGX acumulam queda de 55% em 2012 e alta de 7,6% em agosto. A maior parte da desvalorização da petroleira na bolsa se deu no final do mês de junho após o resultado dos testes em Tubarão Azul.
Problemas no campo
O pesadelo mais recente da OGX começou no último dia 26 de junho, quando informou que a vazão no Campo de Tubarão Azul havia sido calculada em 5 mil barris de óleo por dia, abaixo da estimativa da própria empresa, que ficava entre 15 mil e 20 mil barris por dia. Com o resultado dos pregões seguintes, o papel terminou como a maior queda do primeiro semestre, perdendo 56,62% no período.
A petroleira se defendeu e disse que o mercado estava errado em sua avaliação porque teria extrapolado a estimativa de vazão de Tubarão Azul para os demais poços. "O equívoco dessa extrapolação reside no fato de que (...) a vazão divulgada não considera o fraturamento químico hidráulico e a injeção de água no reservatório, técnicas largamente utilizadas na indústria do petróleo para aumentar a produtividade e que a companhia pretende utilizar no campo de Tubarão Azul", disse a empresa.
Segundo a OGX, antes de aplicar essas técnicas não há como precisar o volume de produção por poço em reservatórios do tipo. Além disso, afirma a nota, a empresa já está iniciando o desenvolvimento do campo de Tubarão Martelo e os dados do seu reservatório, obtidos até o momento, sinalizam para produtividades superiores a vazão informada, mesmo sem o emprego das técnicas referidas.

Bolsas "comemoram" um ano de pânico financeiro

Corte histórico no rating americano espalhou o medo por todo o mundo

Gustavo Kahil - EXAME.com
 
São Paulo - Os mercados financeiros em todo o mundo "comemoraram" ontem um ano de uma fatídica segunda-feira de pânico generalizado. Os primeiros raios de sol do dia 8 de agosto de 2011 já traziam a certeza de um dia histórico. A certeza era tamanha porque o maior temor dos investidores e também do presidente americano Barack Obama se tornara realidade na noite da sexta-feira anterior.
O debate interminável entre republicanos e democratas - que virou até um rap - sobre o aumento do teto da dívida americana cansou a Standard and Poor?s. Após várias ameaças, a agência cortou o rating do país de AAA para AA e os EUA deixaram o clube dos investimentos mais seguros do mundo.
A primeira bolsa a sentir o terremoto foi a da Arábia Saudita. O índice Tadawul All-Sharesfechou em baixa de 5,46% um dia após o corte da nota. Nos EUA, as bolsas em Wall Streetcaíram muito forte. Os mercados já vinham da maior queda semanal desde a crise de 2008. "O movimento foi baseado no medo", disse o operador Stephen Leuer, da X-FA Trading, acrescentando que o mercado foi atingido por um efeito manada, com todos "correndo para a saída".
No Brasil, o pregão foi ainda mais tenso. O Ibovespa, principal índice de ações da Bovespa,cedeu 8,08% e encerrou o dia aos 48.668 pontos. Foi a maior queda desde 22 de outubro de 2008. Ao longo do dia, contudo, as ações chegaram a cair 9,7%, quase acionando o circuit breaker, sistema que poderia parar os negócios por 30 minutos. Nenhum papel terminou o dia em alta. O volume financeiro girado foi de 9,6 bilhões de reais.
Na Europa, os mercados também tombaram. Em Londres, o FTSE fechou em queda de 3,4%. Na Alemanha, o DAX 30 caiu 5,02%. Em Paris, o CAC 40 se desvalorizou 4,68% e, na Espanha, o Ibex 35 terminou em baixa de 2,44%. Na Argentina, o índice Merval despencou 10%.
Depois da tempestade...
A calmaria. Alarmado pela aguda reação do mercado, o presidente do Banco Central americano (Federal Reserve), Ben Bernanke, chamou a responsabilidade para si. O chairman anunciou já no dia seguinte a intenção de manter o juro entre zero e 0,25% ao anoaté a metade de 2013. 
Além de garantir uma política monetária frouxa, o Fed também animou o mercado ao dizer que possui as ferramentas necessárias para promover uma forte recuperação econômica com a estabilidade de preços. Era a promessa do terceiro afrouxamento quantitativo (Quantitative Easing - QE3), que até hoje não veio - mas continua a gerar expectativa.
Recuperação
Um ano depois do pânico, os investidores voltaram a apostar em uma melhora para a bolsa após dados mais positivos do mercado de trabalho americano em julho, além da expectativa por um novo estímulo monetário do Banco Central americano, o QE3, e do Banco Central Europeu nas próximas reuniões de política monetária agendadas para os dias 13 e 6 de setembro, respectivamente.
O índice Dow Jones, da bolsa de Nova York, acumula uma alta de 15% no período. No Brasil, o Ibovespa tem uma valorização de aproximadamente 20%.
Confira o "Rap da Dívida"
Remy Munasifi , criador do vídeo publicado na Reason TV - um grupo liderado pelo comediante Drew Carey que incentiva o debate sobre a liberdade de expressão e que critica o governo americano em vídeos e documentários - dispara contra a gastança do governo para sair da crise financeira de 2008, que levou o país a uma situação quase insustentável.
"Nós temos um plano monetário - e ele envolve bastante tinta", diz um trecho da música. "Nós talvez não possamos ser capazes de resolver os nossos problemas do teto da dívida, mas pelo menos podemos colocá-la em uma boa batida", afirmaram os criadores. Veja:

É hora de ousar na bolsa?

Preferência por ações defensivas pode estar chegando ao fim, aponta banco

Gustavo Kahil - EXAME.com
 
São Paulo - A expectativa por uma nova rodada de estímulos econômicos nos Estados Unidos e na Zona do Euro criou um ambiente de otimismo antecipado entre os investidores e a crença que o segundo semestre será um pouco mais colorido para os mercados financeiros em todo o mundo. Para ganhar com isso, porém, talvez o momento seja o de ousar nas apostas na bolsa de valores, apontam analistas.
Até os analistas técnicos, que acompanham os padrões gráficos dos ativos, comemoraram a alta recente. Isso porque o índice Bovespa finalmente rompeu a forte resistência dos 57.600 pontos, o que abriu a porteira para uma alta mais acentuada. Os investidores voltaram a apostar em uma melhora para a bolsa após dados mais positivos do mercado de trabalho americano em julho, além da expectativa por um novo estímulo monetário do Banco Central americano e do Banco Central Europeu nas próximas reuniões de política monetária agendadas para os dias 13 e 6 de setembro, respectivamente.
"Acreditamos que o mercado de baixa e a preferência de investidores por ações defensivas pode estar chegando ao fim. As ações dos bancos e ?consumo discricionário? mostraram desempenho forte nos últimos 2 meses, mostrando que os investidores começaram a se posicionar em setores com beta mais elevado", afirmam os analistas do Citi, Jason Press, Nicolas Riva e Julio Zamora, em um relatório.
Reposicionamento
No primeiro semestre, por exemplo, o índice de Dividendos, que reúne as melhores pagadoras de proventos da bolsa, subiu 26% e superou em muito a queda de 3,8% do Ibovespa no período. Desde o início do segundo semestre, contudo, a situação se inverteu. O benchmark da Bovespa já ganhou 8,4%, enquanto o que acompanha as boas distribuidoras avançou 3,04%. O desempenho inferior pode ser em parte explicado pela queda de empresas que antes figuravam entre as maiores altas da bolsa, como a Souza Cruz (CRUZ3) e a Eletropaulo.
O caso da AES Eletropaulo (ELPL4) é o que mais chama atenção. A ação despencou quase 30% desde o início de julho. "É importante que o investidor que se acostumou a ver dividendos gordos num passado recente tenha noção de que a realidade mudou significativamente", destaca William Castro Alves, da XP Investimentos, em um relatório. A empresa sofreu após a divulgação dos resultados do segundo trimestre e com a revisão tarifária que decepcionou a companhia e o mercado. A BlackRock, maior gestora de recursos do mundo, disse no dia 12 de julho que passou a deter uma participação inferior a 5% do capital da empresa.
O que fazer?
"O cenário ainda é bastante incerto e vemos alguns riscos para investimentos em ações nos próximos meses. Ainda assim, estamos revisando nosso portfólio para uma recuperação do mercado nos próximos meses. Estamos recomendando aos investidores aumentar a posição nos setores de energia, financeiro e consumo discricionário", ressaltam os analistas do Citi. O banco revisou a projeção para o Ibovespa ao final do ano de 68 mil pontos para 66 mil pontos, mas elevou o alvo a 70 mil pontos para a o meio do ano que vem.
Em um relatório publicado no final de junho o Citi listou as ações preferidas para uma eventual recuperação dos mercados no segundo semestre de 2012. Entre as brasileiras, as escolhidas eram Vale (VALE3VALE5), Itaú Unibanco (ITUB3ITUB4), BR Properties(BRPR3), MPX (MPXE3), TOTVS (TOTS3) e Duratex (DTEX3). 
Também de olho na recuperação da bolsa por aqui, o Itaú BBA revisou nesta semana a sua carteira de ações preferidas. As ações da mineradora Vale voltaram à lista porque a empresa estaria melhor posicionada para se beneficiar da recente retomada.
"Diante desse cenário, acreditamos que seja hora de aumentar um pouco a exposição a uma ação que que possa se beneficiar de uma possível entrada mais expressiva de recursos estrangeiros na bolsa brasileira, a VALE3", ressalta a equipe de analistas do banco. Os papéis foram incluídos na carteira TOP5 do banco no lugar da AmBev (AMBV4).
No entanto, para o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, a reação eufórica dos mercados se baseia apenas em expectativas, visto que o uso dos dois instrumentos de estabilização financeira na Europa precisam ser liberados pelos países membros. "A alta agora do Ibovespa, apesar de factível, tem que ser vista com cautela", ressaltou em uma análise recente