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sábado, 3 de dezembro de 2011

Itália: o verdadeiro desafio de Mario Monti começa agora

Em pouco mais de 20 dias, a Itália - sob os olhos atentos e apreensivos de toda a Europa - acompanhou a reestruturação de seu governo, confiante de que o novo primeiro-ministro, Mario Monti, consiga tranquilizar o mercado mundial e recuperar a boa imagem do país após a saída do furacão Silvio Berlusconi e seu "bunga bunga".
Agora, Monti terá de provar se é mesmo capaz de recuperar a economia italiana, afundada em uma recessão que reduziu drasticamente as previsões de crescimento do país. E o primeiro passo será dado nesta segunda-feira, quando ele apresenta suas novas medidas de austeridade, entre as quais estão mudanças no sistema de aposentadoria e até a criação de um imposto sobre as classes mais ricas.
Segundo analistas, esse momento exige ação e rapidez. “A razão pela qual a Itália está com problemas econômicos é amplamente ligada à sua inércia. E o principal problema estava em sua liderança”, analisa ao site de VEJA James Waltson, professor de ciência política na Universidade Americana de Roma.
Nesse contexto, Mario Monti foi a escolha mais acertada, por ser um economista renomado e também passar uma imagem íntegra, analisa Maurizio Viroli, professor da Universidade Princeton e da Universidade da Suíça Italiana. "Ele deve ser capaz de restaurar a credibilidade da Itália e tentar superar a atual crise financeira e econômica”, acredita. Contudo, suas qualidades técnicas não devem levá-lo muito além dessa fase de transição, ressalva Viroli.
“Depois, o país precisará de um governo capaz de enfrentar também sérios problemas políticos. A Itália necessita de uma reforma moral, uma renovação cívica, uma restauração política completa, uma terapia radical. O país está seriamente doente”, completa.
Um sucessor imediato ainda não é apontado: o cenário da oposição, da centro-esquerda, está caótico e dividido, enquanto a centro-direita, liderada por Angelino Alfano, é temida por representar um prolongamento da época de Berlusconi - sem Berlusconi. “No momento, não consigo imaginar um político capaz de liderar a Itália nos próximos anos. Seu primeiro passo deveria ser confirmar que realmente o país entrou numa nova fase.”
O fantasma
A figura de Berlusconi é excentricamente burlesca. A cada aparição pública, já se esperava uma nova gafe ou um novo escândalo - ligado a corrupção ou, principalmente, mulheres. Apesar disso, ele foi eleito três vezes (em 1994, 2001 e 2008) e conquistou seguidos votos de confiança do Parlamento durante seus mandatos. A verdade é que muitos italianos - se não a maioria deles - ainda o defendem ou, pelo menos, não o condenam.
Para eles, os escândalos sexuais, por exemplo, não tem grande valor. “Pelo contrário. Muitos deles o admiram por suas atividades sexuais. Para seus incontáveis apoiadores, não faz diferença se Berlusconi é corrupto. Ainda melhor se for, porque isso lhes permite ser também”, diz Viroli, lembrando que o ex-premiê deixou o poder devido à pressão da comunidade internacional, e não dos cidadãos italianos.
O professor salienta, porém, que o sistema político alimentado por ele encorajava a corrupção. “Ele estabeleceu na Itália um sistema de poder baseado em sua própria figura, graças à sua riqueza e ao controle do império das comunicações no país. Além disso, é dono do seu partido e tem carisma. Com essas qualidades ele se torna capaz de garantir favores às pessoas - muitas dependem dele para ter privilégios, fama e dinheiro.”
Por 17 anos, Berlusconi se apresentou como o único possível salvador da Itália - e a população acreditou nesse personagem. “Para isso, ele contou com recursos midiáticos e financeiros, os quais permitiram que ele persuadisse uma maioria considerável de italianos a apoiá-lo”, observa Waltson.
Isso explica por que, poucos dias antes de renunciar, o então premiê ainda parecia invencível. Mas sua força como comunicador esbarra na falta de capacidade política. “Ele é capaz de negociar, convencer, reunir alianças e aprender rapidamente. Mas suas habilidades são demagógicas.”
Os próximos governantes - tomara mais sérios - devem ao menos colocar um fim à ideia de que política é performance: aparecer na televisão e fazer piadas. Para Viroli, que é autor do livro The Liberty of Servants: Berlusconis Italy (Editora da Princeton University), é preciso imprimir clareza e integridade ao governo italiano: "Não podemos continuar a pensar que a política é uma comédia. O lugar de rir é no teatro, a vida real é diferente. É preciso mudar o estilo dos italianos de pensar a política".

Redução de impostos ajuda, mas ainda é medida paliativa

São Paulo - Na tarde desta quinta-feira, enquanto o mercado ainda assimilava (e comemorava) as medidas de redução tributária anunciadas pelo governo, o jornal americano Wall Street Journal publicava um vídeo questionando a saúde da economia dos países emergentes - em especial do Brasil e da China. A diminuição de alguns impostos, como o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), foi vista como uma injeção de ânimo na economia brasileira, mas foi classificada como uma medida de "pânico" pelos comentaristas do jornal. A redução do limite de depósitos compulsórios dos bancos, proposta pela China na quarta-feira, também foi uma "medida desesperada", de acordo com o jornal.
Diante de análises tão díspares entre o mercado nacional e analistas internacionais, o meio termo seria o melhor caminho. Todos os economistas ouvidos pelo site de VEJA na tarde desta quinta-feira elogiaram as medidas anunciadas pelo governo, afirmando que ele agiu quando foi preciso para frear o superaquecimento, no final de 2010 e no início de 2011, e agora está agindo novamente para impedir que o crescimento econômico se esvaia com a queda na atividade. "O governo reconhece que a economia está em um processo de desaceleração muito grande. E, com o aproximação do anúncio do PIB do trimestre, que não deve ser nada bom, ele quer se apoiar no consumo e no investimento", afirma o economista Robson Gonçalves, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Contudo, há variáveis neste cenário que merecem ser expostas: o alinhamento perigoso entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central que se fortalece a cada dia; a falta de preocupação em relação à inflação; e o caráter setorial da redução tributária.
Tudo pelo PIB - O Produto Interno Bruto (PIB) de 2011, que deverá oscilar entre 3,1% e 3,8%, é sinônimo de fracasso para a nova gestão de Guido Mantega no Ministério da Fazenda. No início do ano, o ministro bradava que a economia iria crescer 5% em 2011, sobre uma base já alta de 7,5% de crescimento em 2010. Não deu certo. As medidas macroprudenciais de restrição ao crédito, aliadas ao aumento dos juros no primeiro semestre e à deterioração do cenário externo fizeram com que a economia brasileira enfrentasse uma espécie de "pouso forçado" no final deste ano.
Com a redução imediata de impostos, como o IPI dos eletrodomésticos da linha branca, o governo pretende reaquecer o varejo neste fim de ano, evitar que o PIB do quarto trimestre assuste o mercado, e começar 2012 com o foco novamente em um crescimento de 5%. Até aí, não há nada de mal em almejar o avanço enquanto o mundo todo teme a recessão. O problema é que a equipe econômica não está medindo esforços para alcançar o PIB desejado. Por isso, tem atuado em conjunto com o Banco Central para criar condições monetárias para que a economia cresça mais.
Essa "parceria" faz com que o BC tire completamente o foco da inflação e tenha como objetivo o aumento do PIB - enquanto a função primordial da autoridade monetária é justamente o controle da alta dos preços e o acompanhamento do câmbio. "Não vejo o BC tão focado em reduzir a inflação como no passado. Há duas responsabilidades distintas dessas duas instituições (BC e Fazenda), e essas funções estão muito misturadas neste momento", afirma o economista Alexandre Chaia, do Insper.
IPCA ignorado - Ainda não há previsões sobre o efeito que a redução de impostos terá sobre a inflação. Tampouco é possível afirmar, com certeza, que a queda da Selic anunciada na quarta-feira irá pressionar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O que é certo é que, ao mesmo tempo que os economistas comemoram as novas medidas, nenhum deles acredita que a inflação se aproximará do centro da meta (de 4,5%) no ano que vem - a não ser que conte com a ajuda da mudança de métrica do IPCA anunciada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta semana. Em 2008, quando a crise financeira atingiu o Brasil no último trimestre, o governo anunciou medidas de estímulo similares, quando a inflação fechava o ano em 5,9%. Atualmente, o índice acumula em 12 meses alta de 6,7%.
Medidas setoriais - A redução de impostos é positiva em qualquer aspecto. Contudo, retirar o IPI de fogões e tanquinhos não significa que o Brasil esteja caminhando para um cenário de equilíbrio tributário e redução do Custo Brasil - que é o maior entrave para o crescimento do país, muito mais do que a própria crise do euro. A redução dos tributos sobre a folha salarial, que tanto penaliza as empresas que produzem no Brasil, também seria bem-vindo como forma de estimular o crescimento.
Outra medida controversa que vale ser citada é a regulamentação do Reintegra, um programa do governo que prevê que os exportadores recebam de volta até 3% do valor dos produtos manufaturados exportados. A "reintegração" do dinheiro, virá em forma de redução de impostos ou espécie. A conta final dessa matemática setorial é que o governo irá levar adiante uma renúncia fiscal em favor dos exportadores, criando uma situação em que a sociedade pagará para que os empresários mandem seus produtos para fora a um preço mais competitivo.

Facebook vê crescimento rápido e contratará milhares

Los Angeles - A rede social Facebook, que está se preparando para lançar ações em bolsa, afirmou que planeja contratar milhares de empregados no próximo ano para acompanhar seu aguardado rápido crescimento.
"Estamos crescendo rapidamente", afirmou a diretora de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, em uma conferência com a imprensa.
O Facebook não divulga seus resultados, mas uma fonte com conhecimento no assunto informou à Reuters em setembro que a companhia apresentou, aproximadamente, um lucro líquido de quase 500 milhões de dólares na primeira metade do ano e as receitas dobraram para 1,6 bilhão de dólares, na comparação com o ano anterior.
Sheryl esteve em Nova York nesta sexta-feira para anunciar que a companhia iria começar a contratar engenheiros na cidade, onde possui um pequeno escritório na Madison Avenue com cerca de 100 funcionários.
A grande maioria dos 3 mil trabalhadores está na sede em Palo Alto, Califórnia, e em um campus em Seattle.
Ela não disse quantos engenheiros serão contratados em Nova York nem revelou quantos trabalhadores a companhia irá contratar no próximo ano.
A expectativa é de que a empresa faça seu IPO (sigla em inglês para oferta pública inicial de ações) em 2012.