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sábado, 23 de junho de 2012


Grécia planeja reduzir impostos e estimular baixa renda

Novo governo grego concordou com termos do programa de resgate conduzido pela União Europeia e FMI e que tem como objetivo fazer a economia do país voltar a crescer

Atenas - O novo governo de coalizão da Grécia concordou com uma série de cortes de impostos e medidas para impulsionar o setor de baixa renda nos próximos quatro anos, enquanto procura aliviar os termos do programa de resgate concedido pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e fazer o país voltar a crescer. As informações fazem parte de um documento oficial divulgado neste sábado.
Um comitê com representantes dos três partidos que apoiam a coalizão - o conservador Nova Democracia, os socialistas do Pasok e o Esquerda Democrática, o menor do grupo - concordaram com as medidas e também com a extensão "em pelo menos dois anos" do período para a adoção de um duro plano de recuperação do país, que seria encerrado em 2014.
"O prazo orçamentário para o fim do período de ajuste será ampliado em mais anos para dar suporte à demanda, ao crescimento e ao emprego", diz o documento.
Formado após a eleição de domingo, o governo concordou nesta semana em reduzir o imposto sobre valor agregado para restaurantes e produtos agrícolas e em dar suporte para pensionistas de baixa renda, revertendo alguns dos cortes adotados recentemente. Outras medidas incluem a redução do setor público por meio de planos de aposentadoria, em vez de demissões, o aumento gradual da isenção para pagamento de impostos para a média dos países europeus e a extensão, em um ano, do pagamento de benefícios para desempregados.
"O objetivo geral é não reduzir mais os salários e pensões e não aumentar os impostos", diz o documento.
Tendo em vista que a Grécia está em seu quinto ano de recessão e os índices de desemprego atingem altas recordes, o plano pode ajudar a acalmar sindicatos e ajudar o governo a conquistar o apoio do povo, mas, por outro lado, pode colocar o país em rota de colisão com seus credores internacionais, que exigem cortes substanciais nos gastos públicos.
O porta-voz do governo, Simos Kedikoglou, disse que conversações com parceiros europeus sobre decisões políticas ainda continuam e que o período de implementação vai depender do curso da economia grega. "Precisamos ajudar empresas pequenas e médias, assim podemos combater o desemprego", disse ele. As informações são da Dow Jones.

Não é o medo que afasta o investidor da Bolsa, diz pesquisa

Levantamento da TOV mostra que falta de tempo e conhecimento são os principais entraves para a entrada do investidor na Bolsa

São Paulo - Uma pesquisa da TOV Educacional - braço educacional da corretora TOV - com 172 alunos do curso básico de introdução ao mercado financeiro mostra que a maioria deles ainda não investe em renda variável por falta de conhecimento e tempo, e não por medo. Boa parte deles também considera o investimento em Bolsa como uma forma de ganhar no longo prazo, e a maioria sabe que é possível lucrar mesmo quando o mercado está em queda.
De acordo com a pesquisa, 43% dos alunos não investem por falta de conhecimento, e 24% por falta de tempo. Quando questionados sobre o que a Bolsa representava para cada um, 45% deles disseram enxergá-la como um investimento de longo prazo, 25% como uma oportunidade de ganhos expressivos e apenas 15% como um investimento de alto risco. E pouco mais da metade dos alunos questionados disse se considerar de perfil moderado.
A pesquisa mostrou ainda que 33% dos alunos não investem em nada, 25% em poupança, 13% em imóveis e apenas 8% em renda variável. Cerca de 65% dos alunos sabe que é possível ganhar na Bolsa mesmo em cenários de queda, o que, para a TOV Educacional, deve ser um dos principais motivos de procura do curso mesmo em épocas de Bolsa em baixa. A TOV Educacional quer formar cerca de 5.000 investidores por ano.

Investimento atrelado a juros não está tão ruim quanto parece

Ciclo de queda na Selic pode estar no fim, por causa da pressão inflacionária; papéis pós-fixados voltam a ser atrativos

São Paulo - O movimento recente de queda na taxa de juros tem favorecido as aplicações prefixadas e indexadas à inflação, mesmo que o valor desses títulos já precificasse essa redução de juros quando o ciclo começou. Mas o rumo da taxa Selic, que serve de referência para a remuneração da renda fixa, começa a ficar incerto, e o mercado já prevê uma reversão do ciclo de queda para o ano que vem. A inflação por sua vez, deve começar a exercer maior pressão sobre os preços. Será que é hora de voltar os investimentos novamente para os papéis que flutuam ao sabor da Selic? E aqueles atrelados à inflação, continuam atrativos?
Para Georges Catalão, gestor de investimento da Lecca Financeira, já passou o momento dos prefixados e títulos indexados à inflação. O momento agora é de vender ou não renovar ao menos parte desses títulos, reduzindo à metade a exposição da carteira a esse tipo de papel, e aproveitando para pesar a mão nos pós-fixados. Seja no caso dos títulos públicos, seja no caso dos CDBs.
"Por diversas vezes o mercado achou que o ciclo de cortes nos juros estava próximo ao fim, mas o Banco Central sempre ia além das expectativas. Por isso, os títulos indexados à inflação e os prefixados se valorizaram. Mas agora acreditamos que esse ciclo está terminando. A curva de juros está precificando uma Selic a 7,75% ao final de 2012, e achamos que essa curva não tem mais muito espaço para cair, pois a inflação continua a pressionar", diz Catalão.
O Banco Central vem reduzindo os juros desde agosto do ano passado, e o mercado atualmente espera que a Selic, hoje a 8,5%, chegue a 7,5% até o final do ano. Da reunião do Copom em agosto para cá, só o valor de face dos títulos prefixados LTNs com vencimento em janeiro de 2013 teve alta de 11%, contra 8% no valor dos títulos atrelados à Selic LFTs com vencimento para o mesmo ano.
Mas o ciclo de queda na Selic sacrificou um pouco os juros pagos pelos papéis prefixados (LTNs e NTN-Fs) e indexados à inflação (NTN-Bs). A NTN-B Principal com vencimento em 2015 pagava um juro real de 6,10% no início de 2011; hoje, o mesmo papel paga um juro real de apenas 3,67%. Mesmo uma NTN-B mais longa, com vencimento em 2020, atualmente paga menos: 4,42%. A LTN com vencimento em 2015 pagava juros de 12,15% no início de 2011, e o mesmo papel, se comprado hoje, remunera 8,77%. Já a LTN com vencimento em 2016 paga hoje um juro de 9,30%.
Contudo, cresce no mercado a expectativa de que o governo em breve terá que voltar a conter a inflação, esperada para terminar o ano em 5% e 2013 em 5,54%. A inflação se mantém acima da meta há 21 meses, apesar da queda do crescimento do PIB. Segundo o Boletim Focus, o mercado espera que 2013 termine com uma Selic de 9,0%; já o mercado de juros futuros espera que o DI esteja em 7,70% no início de 2013 e a 8,0% no início de 2014.

Se houver uma nova alta de juros no médio prazo, os títulos com remuneração prefixada - que já não pagam prêmios tão altos - vão perder valor, prejudicando quem decidir vendê-los antes do vencimento. Por isso, a Lecca recomenda que o investidor se concentre mais em títulos pós-fixados, ao menos no curto e médio prazo, reduzindo a exposição da carteira aos demais títulos. "Para os prefixados e atrelados à inflação continuarem valendo a pena os juros teriam que cair ainda mais. Mas o risco está maior, e o retorno já não está tão bom", diz Georges Catalão. Ainda há espaço para uma breve queda de juros até o fim do ano, diz o gestor da Lecca, que espera uma alta de juros para meados de 2013. Mas quem já estiver satisfeito com os ganhos obtidos já pode pensar em vender.
"O grande risco da nossa estratégia seria a crise externa se agravar muito, com quebradeira de bancos e seca no comércio internacional. Assim, a inflação voltaria para a meta e não seria necessário elevar os juros. O segundo risco seria se, no ano que vem, o BC resolver ser leniente com a inflação e não subir o juros", explica Catalão.
Longo prazo ainda pede títulos ligados à inflação
Para quem investe em renda fixa com vistas ao longo prazo, porém, a estratégia de aplicar em papéis atrelados à inflação continua vencedora. "Em horizontes mais longos, muita coisa pode acontecer. Faz sentido manter alguma exposição em NTN-B, por exemplo, para proteger o poder de compra se o objetivo for investir para um prazo de uns cinco anos", diz Catalão.
Na opinião de Bruno Carvalho, especialista em renda fixa da XP Investimentos, os títulos atrelados à inflação continuam vantajosos não só no longo prazo, como também no médio prazo. A corretora ainda não recomenda aos clientes se posicionar em pós-fixados, pois acredita ser cedo ainda para estimar até quando caem os juros.
Para a XP ainda é possível obter ganhos com esses títulos, pois os efeitos da queda de juros em forma de alta na inflação ainda levarão de nove meses a um ano para aparecerem. "A partir da próxima reunião do Copom pode ser que seja possível definir melhor o cenário, mas achamos que os juros ainda podem cair um pouco mais", diz Carvalho.
Mas, independentemente do que acontecer na economia, o especialista recomenda os papéis atrelados à inflação pela qualidade do ativo em si, que permite ao investidor manter seu poder de compra em qualquer cenário. "Neste momento, é melhor garantir o ganho real e não ter perda de patrimônio, principalmente no longo prazo", diz Carvalho.