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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Como o acordo europeu afeta seus investimentos?


O acordo tratou de três pontos principais. O primeiro deles – e mais alardeado até aqui – diz respeito à redução da dívida grega em 50%, com um desconto no valor dos títulos da dívida grega. Mas fica a dúvida: por que os bancos privados aceitaram esse corte extremado na dívida? Pelo simples fato de que havia o risco real de que eles não viessem a receber quase nada da dívida, caso os líderes da zona do Euro resolvessem deixar o governo grego seguir o caminho da insolvência, com uma possível decretação de moratória. A intenção é diminuir a dívida grega de algo em torno de 150% do PIB para aproximadamente 120% do PIB até o final da década – o que significa que provavelmente mais medidas restritivas deverão atingir a pátria de Aristóteles.

Além disso, os líderes da zona do Euro decidiram ampliar o poder de fogo do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, para que possa, caso necessário, injetar capital em economias como a italiana, a espanhola e a portuguesa, que também estão passando por problemas na administração de suas contas públicas.
E, por fim, o plano também abrangeu a recapitalização dos bancos da região com 150 bilhões de euros. Havia o medo da falência de algumas instituições e a medida visa dar liquidez às instituições a fim de manter o fluxo de crédito da região.

Dúvidas a respeito do acordo ainda mantém o mercado em alerta

Embora o acordo tenha representado um alívio para o mercado financeiro, ainda há muitos pontos em dúvida que precisam ser solucionados a fim de que se possa, enfim, dizer que a crise acabou. A propósito, eu acredito que ainda veremos muitos desdobramos, porque países importantes da região, como Itália, Espanha e Portugal (além da Inglaterra, que tem sido menos mencionada pela mídia) têm enfrentado problemas com suas dívidas públicas, e não creio que essas medidas serão suficientes para conter uma crise da dívida soberana desses países. Espero que esses países estimulem suas economias a fim de recuperar o crescimento econômico e, assim que a economia estiver estabilizada, tomem medidas drásticas para conter suas dívidas. Infelizmente, não creio que isso irá acontecer.
Mas, quanto ao acordo firmado, existem algumas dúvidas: a primeira delas diz respeito à redução da dívida grega em 50%. Para que o acordo seja realmente efetivado, é preciso que as instituições financeiras credoras aceitem individualmente a redução do montante. Não se sabe, ainda, o que irá acontecer ao final e como os bancos serão pagos. Além disso, não se sabe ao certo de onde virão os 150 bilhões de euros necessários para capitalizar os bancos europeus, ou mesmo o montante integral que será injetado no Fundo Europeu de Estabilização Financeira.
Isso tudo tem deixado o mercado em alerta, aguardando os próximos rumos da negociação. Ë bem possível que a volatilidade ainda permaneça por algum tempo por conta disso, mas a notícia do acordo é decerto positiva: afinal, ela poderá dar um estímulo adicional para resolver a crise americana, já que a Europa é um dos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos, sendo responsável por 19% do total exportado por aquele país. Vamos aguardar os próximos acontecimentos.

Por que small caps podem trazer maior rentabilidade?

O principal motivo pelo qual as small caps podem render mais, no longo prazo, do que as chamadasblue chips se deve ao fato de que empresas menores têm maior potencial de crescimento do que empresas que já são muito grandes. Pense no caso da Petrobras: para que ela dobre de tamanho, seu valor de mercado terá que passar de R$ 251 bilhões para R$ 502 bilhões. E, para dobrar de novo, precisará passar de R$ 502 bilhões para pouco mais de R$ 1 trilhão – ou quase 25% de todo o Produto Interno Público brasileiro. É difícil manter uma taxa de crescimento forte com um tamanho tão grande, o que significa que, em algum momento, ela precisará crescer a um ritmo muito menor.
Já uma empresa menor, tem espaço para crescer consistentemente por muitos e muitos anos sem que seu tamanho seja um problema. A Livraria Saraiva, por exemplo, tem um valor de mercado de R$ 714 milhões – a empresa é bem menor do que sua contrapartida norte-americana, a Amazon, que tem um valor de US$ 107 bilhões. small capsMesmo considerando que a Amazon é uma empresa internacional, percebe-se aí que a Saraiva, caso bem administrada, pode crescer bastante ainda. Pense na situação da Portobello (valor de mercado de R$ 200 milhões), ou da Randon (valor de mercado de R$ 2 bilhões e meio).
Obviamente, o valor de mercado não é um parâmetro exclusivo a ser utilizado na hora de escolher onde investir. É preciso utilizar outros parâmetros, como o histórico de crescimento do lucro, o ROE, a margem de lucro (bruta e líquida), entre tantos outros indicadores que podem ser utilizados.

Analisando o histórico das small caps brasileiras nos últimos anos

Traçar um histórico das small caps no Brasil não é fácil, já que, ao contrário de outros países, não temos um banco de dados que utilize o histórico de décadas em um índice small caps. No nosso caso, o índice Small Cap, fornecido pela Bovespa, somente dispõe de dados a partir do dia 1/9/2005, quando o índice foi lançado. Naquela oportunidade, o índice acusava uma pontuação de 515,43 pontos. Hoje, está na casa dos 1.209 pontos – uma alta, em 6 anos, de 134,56%. No mesmo período, o Ibovespa apresenta uma alta de 95,12%.
Acompanhe o desempenho comparativo dos dois índices desde então:
Como você pode ver, entre 2006 (primeiro ano que temos um ano inteiro de rentabilidade completa para os 3 índices) e 2011 (ano incompleto), o índice mais rentável foi justamente o das small caps e, em segundo lugar, o índice das mid-large caps e, por último, justamente o Ibovespa. O Ibovespa foi o pior dos três em 3 anos, e o melhor em apenas um (2008). O índice Small Caps foi o melhor em três oportunidades (e o pior em duas). E, por fim, o índice Mid-Large Caps foi o melhor em duas oportunidades, e o pior apenas em uma.Mas é importante observar que, no pior dos períodos (2008), o índice Small Caps, embora tenha sido o pior dos três (queda de 53,15%), teve rendimento apenas marginalmente inferior aos outros dois índices, que apresentaram queda bastante superior. E, no melhor ano da série (2009), seu rendimento foi muito superior ao dos outros dois.E você? Investe em small caps?
Título: A bolha vai estourar?
Fonte: O Estado de São Paulo
Autor: Heitor Mello Peixoto
O Brasil vive um boom imobiliário. Milhões de famílias adquirem o primeiro imóvel, mudam para um maior ou investem num ativo real que tende a se valorizar com o tempo. É uma euforia geral. Nunca antes neste país o preço dos imóveis subiu tanto em tão pouco tempo.
Um amigo, por exemplo, vendeu há três anos um imóvel de dois dormitórios nos Jardins, em São Paulo, por R$ 160 mil. Hoje esse imóvel custa R$ 450 mil – valorização de 30% ao ano por quatro anos consecutivos. Um retorno invejável se comparado a outras aplicações. Pesquisa da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp) revela que o preço do metro quadrado de imóveis de dois dormitórios em São Paulo subiu 42,86% no primeiro quadrimestre de 2010, na comparação com igual período de 2009. Segundo cálculos do administrador de investimentos Fabio Colombo, o capital investido no período em CDIs valorizou-se 9,19% e na caderneta de poupança, 6,68%. Em ouro, teve desvalorização de 6,84% e, em dólar, retração de 23,83%. Outro estudo da Embraesp mostra que o preço médio do metro quadrado do apartamento de um dormitório subiu 75% entre 2008 e 2010.
A questão é: esse crescimento é sustentável? Vivemos uma bolha imobiliária?
Para o grande grupo que afirma que não (banqueiros, investidores e construtores), esse crescimento é sustentável e a tendência é de mais alta nos preços. Essa maioria argumenta que o crédito imobiliário no País é baixo em relação ao PIB, algo em torno de 2%, insignificante se comparado aos 68% nos EUA, 75% na Inglaterra ou 20% no Chile. Também aponta o grande déficit habitacional do País, a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 como impulsores do crescimento do setor.
Não nos vamos iludir. Vivemos uma bolha imobiliária e ela pode estourar em breve. Alguns “sinais periféricos”, no jargão dos futuristas, nos levam a pensar assim.
Regras básicas do negócio de imóveis: um pronto vale mais do que na planta, o aluguel gira em torno de 0,5% a 1% do seu valor, o preço do metro quadrado de dois semelhantes varia consideravelmente se tiverem “idades” muito diferentes. Para uma boa compra, muita pesquisa e paciência. Tais regras não valem atualmente.
Pode parecer sedutor um apartamento na planta no litoral sul de São Paulo vendido pelo mesmo preço de outro já pronto no mesmo empreendimento, em outra torre, com melhor localização. Mas o valor é parcelado, terá incidência de juros após a entrega das chaves. Tão estranho quanto isso é o fato de esses imóveis serem vendidos pelo mesmo preço de uma cobertura vizinha, pronta há três anos, mas com o dobro da área útil.
E por que pagar 50% a mais pelo metro quadrado por uma diferença de apenas três anos entre os imóveis, já que as demais condições (localização, infraestrutura, etc.) são as mesmas? A justificativa do corretor é a grande alta no preço dos terrenos nos últimos três anos. Ah, bom, então está explicado! Imóveis têm sido vendidos no prazo de uma semana – o prazo normal era de meses e até anos em épocas anteriores. Quebras de lógica assim já ocorreram no boom dos negócios da internet, no final dos anos 1990, e no boom dos flats em São Paulo, no início dos anos 2000. Ambas viraram bolhas que estouraram.
Recente reportagem na TV mostrou um casal que foi passear num shopping, entrou no estande de uma construtora e saiu com apartamento novo. Compra de apartamento por impulso? Essa é nova. Os aluguéis reforçam a suspeita. Em tese, a locação de um imóvel que duplicou de preço deveria também dobrar. Mas a renda do inquilino não duplicou no mesmo período. Se esses aumentos generalizados forem absorvidos pelo mercado, causarão pressão inflacionária generalizada pelo País. Imóveis residenciais para todas as faixas de renda e comerciais de todos os tamanhos sofrem alta. Pesquisa da Cushman & Wakefield aponta, por exemplo, que o preço em reais de locação do metro quadrado comercial de alto padrão, no Rio de Janeiro, subiu 60% entre o terceiro trimestre de 2009 e o terceiro trimestre de 2010.
Essa pressão inflacionária, se somada a outras possíveis, como o aumento da taxa de câmbio, pode desencadear inflação, já que um quinto dos bens consumidos hoje no Brasil provém do exterior. Mais inflação significa aumento da correção e do valor das parcelas de financiamentos superior ao que muita gente pode pagar. Começaria uma onda de inadimplência. Resultado: algo semelhante à crise do subprime americano. E lá a taxa de juros do crédito imobiliário é de 5%, ante os 12% daqui.
Se os aumentos de aluguel não forem absorvidos pelo mercado, o investimento em imóveis deixaria de ser interessante, pois o valor da locação cairia muito em termos porcentuais em relação ao valor do imóvel. Investidores teriam de vender “estoques” e buscar algo mais rentável, desencadeando uma onda de vendas, contribuindo para estourar a bolha.
O brasileiro, em geral, calcula se a parcela cabe no salário, esquece taxas de juros, manutenção, impostos e fator de correção monetária escolhido. Também nunca teve tanta disponibilidade de crédito, e aproveita – para imóvel, carro, eletrodomésticos, computador, etc. Recente Relatório de Inflação do Banco Central informa que as dívidas “comem” 23,8% da renda dos brasileiros, ante 17,02% dos americanos. E se a inflação subir? E se a China parar de crescer tanto? E se todo esse dinheiro estrangeiro que inunda o Brasil deixar o País em busca de outras praias, como será o dia seguinte? Em tempo: há uns dois anos não víamos tantos anúncios de imóveis novos em jornais com comparativos de preços por metro quadrado. Será um sinal de mudança no rumo dos ventos?
Agora é acompanhar a escolha de toda a equipe de Dilma, a inflação, a entrada de recursos no País, o desemprego e o mercado imobiliário em si. Sinceramente, espero estar errado. Mas não vou investir no mercado imobiliário até 2012.

De uns tempos para cá, tenho visto, em outros fóruns de discussão, muitas pessoas questionando minha “previsão” de que o país passa por uma
 bolha imobiliária. Muitas pessoas alegam que não existe a bolha porque não vislumbram um cenário em que os preços caiam agudamente, como aconteceu nos Estados Unidos. Outras pessoas dizem que não há bolha imobiliária no país porque nosso sistema bancário é melhor regulamentado do que o americano e que, por isso, não acontecerá aqui o que aconteceu por lá. Acredito que ambos os argumentos são falhos – e a falha deles é a falta de conhecimento a respeito do que é uma bolha.

O que é uma bolha?

Definição simples, rápida e direta: uma bolha é a situação em que ocorre um descolamento dos preços de um ativo (imóvel, açõesfundos imobiliários, tulipas) com relação aos seus fundamentos.
Ou seja, na definição de bolha não está embutida nenhuma “queda abrupta” ou “crise de crédito idêntica à que ocorreu nos EUA”. Repetindo a definição, bolhas são o simples descolamento dos preços de um ativo com relação a seus fundamentos. E como avaliamos se está ocorrendo esse descolamento dos preços?
A principal maneira de fazer isso é avaliar o retorno do ativo para seu proprietário. O valor de um título do tesouro direto  é calculado pelos juros que ele paga; o de uma ação, pelo seu retorno (em termos delucro por ação ou de dividendos); e os imóveis, pelo seu aluguel. Não é possível avaliar se um ativo está caro ou barato, ou descolado de seus fundamentos ou não, apenas pela tendência de preços. Se o preço de uma ação sobe em harmonia com o crescimento do seu lucro, está tudo certo. Mas, às vezes, o preço da ação sobe de maneira descolada do crescimento dos seus lucros, pelo simples fato de que os investidores aceitam pagar mais por ela do que seu valor intrínseco. Se isso ocorre, uma bolha está criada.
Normalmente, esse descolamento dos fundamentos ocorre porque os investidores ficam encantados com um “novo” paradigma. Foi o que aconteceu em 2000, com a bolha das empresas da Internet. Fascinados pela rede mundial e suas possibilidades, investidores negociavam a preços absurdos ações de empresas que jamais haviam sido lucrativas. Deu no que deu. No Brasil, vimos um arremedo disso com a descoberta do pré-sal. A Petrobras disparou por algum tempo, mas suas ações jamais voltaram aos patamares de maio de 2008.
E, acredito, temos visto isso com os imóveis no Brasil. De uns tempos pra cá, consolidou-se um paradigma composto pelas seguintes premissas: (i) o preço dos imóveis jamais caiu; (ii) imóvel sempre foi um excelente investimento; (iii) as altas taxas de crescimento (de ordem de 20-25% ao ano) se manterão até, pelo menos, a Copa do Mundo ou as Olimpíadas (no caso do Rio de Janeiro); e (iv) a demanda é sustentável porque o Brasil vive um grande déficit habitacional. Mesmo que essas premissas fossem verdadeiras, elas não afastam o seguinte problema: se verificarmos a rentabilidade do imóvel em relação ao tipo de rendimento que dele se espera (os aluguéis), perceberemos que em várias cidades do país a rentabilidade esperada dos imóveis em termos de aluguel é muito inferior à taxa de outros investimentos. Em muitos casos, o proprietário recebe, em aluguel, menos de 3% do valor do imóvel por ano. Isso é metade da poupança, e é inferior à rentabilidade, em dividendos, de empresas como a Ambev.
É para avaliar se os preços das ações estão descolados de seus fundamentos que os investidores utilizam indicadores como o Preço por Lucro (P/L). Uma empresa que traga para seu acionista um lucro por ação de R$ 2,00 e esteja avaliada a R$ 10,00 apresenta um indicador P/L igual a 5. No caso dos imóveis, uma casa que seja alugada por 3% do valor do imóvel apresenta um índice P/L equivalente a 33,33. Números, por si sós, não dizem nada. Mas um P/L muito superior a 20 por um ativo que não produz nada é, no mínimo, temerário nas condições atuais (no caso dos imóveis, adota-se como padrão um P/L igual a 16,67, que equivale a uma rentabilidade próxima a 6% ao ano). Se a economia realmente estivesse tão bem a ponto de justificar esses preços, o preço dos aluguéis subiriam bruscamente até o ponto em que estaria justificada essa rentabilidade. Embora o valor dos aluguéis tenha subido bastante nos últimos anos, não subiram o suficiente para compensar o aumento excessivo dos preços dos imóveis.

Uma bolha não é definida pela queda brusca no preço do ativo

Muitas pessoas acreditam que uma bolha é definida pela queda brusca no preço do ativo que se está examinando. Isso, contudo, não é necessário. A bolha é o descolamento dos fundamentos; a queda brusca nos preços pode ser apenas a consequência disso. Às vezes, a bolha pode ser esvaziada pela simples passagem do tempo. Acredito que é o que está ocorrendo, em parte, no mercado de ações. Entre 2003 e 2008, o mercado subiu demais – acima do que os fundamentos recomendavam.  Não é à toa, portanto, que muitos dos preços praticados em 2007 ou 2008 só agora estejam se tornando razoáveis.
Dê uma olhada na seguinte tabela:
bolha
Como você pode ver, a tabela se refere à comparação dos preços e do índice P/L de algumas empresas brasileiras entre os anos de 2007 e 2011 (última cotação de 2007 e a cotação de algumas empresas no dia 2/12/2011). Destaquei em negrito, para cada empresa, o maior P/L entre os dois e o maior preço entre os dois destacados. Como você pode ver, em 6 de 7 casos o índice P/L era maior em 2007 do que os praticados agora, em 2011. E em 4 de 7 casos os preços praticados naquela época eram maiores do que os praticados em 2011.
O fato de as ações, em 2007, estarem sendo negociadas a múltiplos muito maiores do que hoje, em média (a exceção na tabela é a Natura), significa que uma parte da queda se deveu justamente ao fato de que, naquela época, os preços estavam acima do justificado pelos seus fundamentos. Mas, apesar disso, hoje há empresas com múltiplos extremamente mais baixos – as ações de Banco do Brasil, Vale e Petrobras, por exemplo, estão sendo negociadas  a um P/L entre 5 e 8, ao passo que, durante a crise, estavam com múltiplos acima de 12 (no caso da Petrobras, acima de 17). Evidentemente, isso não significa dizer que múltiplos altos, por si só, indicam queda futura. Às vezes, os fundamentos de uma empresa justificam múltiplos mais altos, como é o caso da Ambev, cujas ações AMBV4 eram negociadas a R$ 25,62 e hoje são negociadas a R$ 61,80 (preço ajustado). Em 2007, o P/L da Ambev estava na casa dos 28,4, e hoje, está na casa dos 23,51 – plenamente justificado pelo forte crescimento da empresa.
Mas, se você olhar bem na tabela, é perfeitamente possível divisar que uma parte das “bolhas” foi esvaziada pelo tempo, sem queda brusca. É o caso do Bradesco, por exemplo. Se considerarmos apenas os anos de 2007 e de 2011 (desconsiderando as fortes quedas de 2008), verificaremos que, embora sua cotação tenha ficado aproximadamente nos mesmos patamares (em torno de R$ 30,00), seu P/L caiu de 13,37 para 10,4. Isso aconteceu porque, ao longo dos últimos 4 anos, o Bradesco apresentou crescimento nos seus lucros. Como o preço permaneceu no mesmo patamar, a relação entre o Preço e o Lucro permaneceu relativamente estável.
Isso também pode acontecer com os imóveis. Os preços podem ficar estáveis por muito tempo, fazendo com que o simples reajuste do aluguel ao longo dos anos torne a relação entre o preço do imóvel e o valor de seu aluguel mais razoáveis. Se isso acontecer, muitas pessoas dirão que não houve bolha, mas apenas um “ajuste” nos preços. Sim, camarada… mas esse AJUSTE, mesmo que dure muitos anos, desinflará a bolha. Não tenho a menor dúvida de que isso acontecerá mais cedo ou mais tarde, seja na forma de um ajuste decorrente da estabilização dos preços por alguns anos (e isso também significa prejuízo para muita gente), seja na forma de um estouro mais agudo. De qualquer forma, há muitos a perder com isso, e poucos a ganhar.