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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

As ações que dispararam em um dia de otimismo global

Investidores estão confiantes em um plano convincente para por um fim à crise europeia

Operadores da NYSE no dia 5 de agosto de 2011
As bolsas europeias e americanas terminaram o dia com uma forte alta

São Paulo – Os mercados financeiros tiveram um dia de alívio nesta segunda-feira. A reunião de cúpula da União Europeia (UE) realizada neste domingo, em Bruxelas, não chegou a um acordo sobre o aumento do poder de fogo da Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês). Os investidores, contudo, estão otimistas para uma solução na quarta-feira quando os líderes da região voltam a se reunir.

As bolsas europeias e americanas terminaram o dia com uma forte alta. Na Alemanha, o índice DAX 30 avançou 1,41%, para 6.055 pontos. Nos EUA, os principais índices de Wall Street encerraram com valorização. O Nasdaq Composite subiu cerca de 2,4%. No Brasil, o Ibovespa terminou a sessão em alta de 3%, perto dos 57 mil pontos.

“No curto-prazo, esperamos que o progresso (ou a falta dele) em resolver a crise da dívida europeia continuará como a força principal que move o apetite por ativos de riscos, e dada a volatilidade, esperamos que os mercados continuem a presenciar solavancos significantes”, disse o estrategista-chefe da Black Rock, Bob Doll, em um relatório. Vale um dos principais destaques do dia foi a megacap Vale. As ações dispararam 6% após um relatório produzido pelo HSBC em parceria com a Markit Economics animar o mercado. Os dados ajudaram a afastar o temor de uma desaceleração rápida da China, o que afetaria muito os preços do minério de ferro.  

                                                     Confira as ações que mais subiram hoje:
Empresa Código Preço (R$) Var. (%)
JBS JBSS3 4,78 8,88%
CSN CSNA3 14,94 6,33%
Bradespar BRAP4 33,96 6,19%
Vale VALE5 40,12 5,94%
Vale VALE3 42,95 5,92%
Gafisa GFSA3 6,3 5,88%
Gol GOLL4 13,48 5,48%
Hypermarcas HYPE3 9,59 5,27%
Marfrig MRFG3 8 5,12%
Gerdau Metalúrgica GOAU4 18,07 5,06%
Vanguarda VAGR3 0,63 5,00%

Segundo Qu Hongbin, economista-chefe do HSBC para a China, os componentes de inflação dentro do índice apontaram um avanço estável dos preços ao consumidor e uma alta mais lenta de insumos. “Todos esses dados confirmam nossa opinião de que não há risco de desaceleração abrupta na China", disse.

O setor manufatureiro do país cresceu moderadamente em outubro, após três meses de contração. O indicador índice preliminar HSBC apontou uma pontuação de 51,1 pontos, contra 49,9 pontos em setembro. Números acima de 50 pontos indicam uma expansão da atividade industrial.

Hypermarcas
As ações da fabricante de produtos de consumo subiram forte após a venda das marcas Assim, Sim, Gato, Fluss, Mat Inset e Sanifleur para a Flora, dos donos do JBS. O negócio, antecipado por EXAME no sábado, foi fechado por 140 milhões de reais. O mercado espera agora a venda da Assolan e da Etti.
Para o BTG Pactual, as duas marcas, junto com algumas outras, pode render mais 200 milhões de reais à empresa. Em relatório assinado pelos analistas Fabio Monteiro, João Mamede e Lucas Suemitsu, o banco afirma que a venda ajudará a empresa a reduzir seu nível de endividamento.
Ainda assim, os analistas pedem calma. “Continuamos cautelosos com a Hypermarcas pois o processo de integração em curso e as novas políticas comerciais dos últimos trimestres aumentaram as incertezas sobre uma recuperação do crescimento das receitas”, ponderam. A recomendação é neutra para os papéis, com um preço-alvo de 15 reais. Vanguarda a ex-Brasil Ecodiesel subiu hoje amparada na alienação de duas unidades fabris. A empresa vendeu a uma planta de extração de óleo vegetal em São Luiz Gonzaga (RS) e uma usina de biodiesel em Rosário do Sul (RS) por 58 milhões de reais para a Camera Agroalimentos. O valor está sujeito a ajustes até a conclusão da operação.
“A venda destas unidades estão em linha com a estratégia de alienar seus ativos ociosos visando melhorar a sua estrutura de capital”, disse a empresa em um comunicado publicado hoje.



Analistas se rendem ao BC e reduzem expectativa de inflação

Mercado também derrubou as projeções para o PIB neste ano e em 2012

Alexandre Tombini em seu gabinete no BC
O mercado financeiro começa a assimilar a nova estratégia do Banco Central
São Paulo – Após sete semanas seguidas de queda-de-braço com o Banco Central (BC)  desde a reunião do Copom no fim de agosto , os economistas do mercado financeiro reduziram as projeções de inflação e passaram a acreditar no cumprimento da meta neste ano

As projeções para o IPCA em 2011 são de uma alta de 6,50% (é exatamente o teto da meta), o que representa uma redução de 0,02 ponto percentual em relação à semana passada. A previsão oficial do Banco Central (BC) é de 6,40%.
A mudança dos analistas ocorre logo após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa básica de juros de 12% para 11,50% ao ano.
O boletim Focus do BC, que colhe semanalmente as previsões de cerca de 100 instituições financeiras e consultorias, reduziu o crescimento do PIB de 3,42% para 3,30%, e manteve a taxa básica de juros em 11,00%.
A expansão da produção industrial caiu de 2,04% para 2,00% e a estimativa de investimentos estrangeiros diretos foi mantida em US$ 60 bilhões.
As estimativas dos analistas para a cotação do dólar no fim de 2011 ficaram em R$ 1,75, enquanto as projeções para o superávit da balança comercial passaram de US$ 26,40 bilhões para US$ 27,00 bilhões, acima dos US$ 20,2 bilhões registrados em 2010.
O boletim Focus divulgado nesta segunda-feira também traz previsões para a economia brasileira no ano que vem. Após sete semanas consecutivas de alta, as projeções para o IPCA foram reduzidas de 5,61% para 5,60% - acima do centro da meta de inflação (4,50%).
Os juros básicos ficaram em 10,50% e a expansão do PIB de 2012 foi reduzida de 3,60% para 3,51%.
A estimativa para a cotação do dólar no ano que vem ficou em R$ 1,75, enquanto a balança comercial deve registrar superávit de US$ 18,90 bilhões.

Veja as previsões do boletim Focus desta semana
Fonte: Banco Central
Previsões - Mediana 2011 2012
IPCA 6,50% 5,60%
IGP-DI 5,87% 5,19%
IGP-M 5,82% 5,29%
IPC-Fipe 5,65% 5,11%
Câmbio - fim de período (R$/US$) 1,75 1,75
Câmbio - média do ano (R$/US$) 1,66 1,74
Meta Taxa Selic - fim de período (ao ano) 11,00% 10,50%
Meta Taxa Selic - média de período (a.a.) 11,78% 10,50%
Dívida Líquida do Setor Público (% do PIB) 39,00% 38,00%
PIB 3,30% 3,51%
Produção Industrial 2,00% 3,90%
Conta Corrente (US$) -55,10 bilhões -68,31 bilhões
Balança Comercial (US$) 27,00 bilhões 18,90 bilhões
Inv. Estrang. Direto (US$) 60,00 bilhões 51,80 bilhões
Preços Administrados 5,90% 4,55%