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domingo, 15 de janeiro de 2012

ENTENDA O QUE ACONTECE NA GRÉCIA

ATENAS - Conheça os principais pontos e atores e quais as próximas discussões em pauta para entender a crise da dívida grega.

O que vai acontecer agora?
30 de junho - O Parlamento grego vota leis detalhando a implementação de medidas específicas do pacote de austeridade
3 de julho - O prazo da União Europeia (UE) se esgota para o Parlamento grego aprovar leis que implementam o pacote, incluindo privatizações, aumento de impostos e cortes de gastos. Os ministros da zona do euro farão uma reunião extraordinária no mesmo dia e disseram que a Grécia deve aprovar as leis para obter a próxima parcela de 12 bilhões de euros de empréstimos.

Qual o problema?
A Grécia tem um montante de dívida soberana de 340 bilhões de euros (cerca de US$ 480 bilhões), o que equivale a mais que 30 mil euros para cada uma das 11,4 milhões de pessoas. O resgate de 110 bilhões de euros que a Grécia recebeu no ano passado da UE e do Fundo Monetário Internacional (FMI) se mostrou insuficiente e um segundo pacote de 120 bilhões de euros está em discussão. Com uma dívida equivalente a 150% do PIB, a Grécia detém dois tristes recordes: o pior rating soberano do mundo e o maior custo da dívida.

Por que isso preocupa o resto do mundo?
Quanto mais a crise se arrasta, maior o risco que o contágio se espalhar para outras economias da euro zona, como a Irlanda e Portugal e Espanha, país muito maior e provavelmente muito caro para resgatar.
Um calote da Grécia poderia atingir bancos que detêm a dívida grega, incluindo o Banco Central Europeu, além de credores alemães e franceses. Isso poderia congelar o crédito nos mercados, assim como ocorreu após a quebra do Lehman's Brothers, quando os bancos pararam de emprestar entre si.
Além disso, um default grego seria uma catástrofe e uma humilhação para a UE, que lançou o euro em 1999, como seu projeto mais ambicioso e um símbolo da unidade do continente. A crise levou alguns analistas a pensar o impensável: que a zona euro pode desmantelar-se, seja pela expulsão da Grécia ou pela saída da Alemanha, principal pagador da UE, que poderia retornar à sua própria moeda.

Então por que não fazer um novo resgate à Grécia?
Grandes "players" da UE, como Alemanha, França e do Banco Central Europeu, têm se esforçado para desenvolver um mecanismo de resgate. Os governos europeus estão interessados em evitar um "default grave" porque isso poderia ameaçar os bancos em toda a zona euro e do resto do mundo.
Eles têm discutido um empréstimo na forma de uma extensão de dívida ou rolagem voluntária pelos credores, mas algumas das propostas têm sido criticadas por serem consideradas um calote por outro nome.

Quem são os principais atores?
O primeiro-ministro grego, George Papandreou, dissolveu o gabinete para tentar conseguir apoio para a aprovação de novas medidas de austeridade. Já Evangelos Venizelos vai trocar de pasta das Finanças. Ele é um peso pesado político que dirigia os preparativos para a Olimpíada de 2004, mas não tem histórico econômico.
Em nível europeu, a figura mais influente é a chanceler alemã, Angela Merkel, chefe da maior economia da UE. Merkel, que está perdendo popularidade e tem sofrido uma série de derrotas nas eleições estaduais, está sob intensa pressão de um público alemão, que se ressente de pagar a conta para o que é amplamente visto como prodigalidade grega. Daí a insistência de Merkel de que os bancos devem compartilhar algumas das dor.

E o povo grego?
O descontentamento das pessoas sobre as medidas de austeridade eclodiu sob forma de greves freqüentes e protestos, alguns deles violentos. O desemprego está aumentando. Em uma pesquisa no mês passado, 80% das pessoas disseram que se recusam a fazer mais sacrifícios para obter mais UE e ajuda do FMI.

Como se chegou a esse ponto?
A Grécia entrou para a zona do euro, há uma década, vinculando a sua economia a outros países europeus. O país entrou em recessão em 2009 após 15 anos de crescimento e o seu déficit orçamentário atingiu 15,4% do PIB depois de uma série de revisões pelo governo, o que revelou que a sua economia foi bem pior do que tinha sido anteriormente admitido.
De forma mais ampla, a crise grega reflete uma fraqueza inerente na estrutura do euro, uma moeda única com um conjunto de economias amplamente divergentes, e onde 17 países diferentes executam suas próprias políticas fiscal. Como a crise se desenrola vai determinar o fracasso ou a sobrevivência do projeto comum