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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

EU QUERO SER RICO


5 perguntas a um gestor estrangeiro sobre a bolsa brasileira


Nick Robinson, da Aberdeen, revela as principais apostas no mercado de ações

Beatriz Souza ,Gustavo Kahil - EXAME.com
  
São Paulo - A bolsa brasileira está barata e as melhores opções de investimentos são as empresas grandes, opina Nick Robinson, gestor para América Latina da escocesa Aberdeen Asset Management. A empresa gerencia aproximadamente 290 bilhões de dólares em ativos pelo mundo.
Desde 2009 no Brasil, o executivo garimpa as ações na região e sempre com o maior foco no país. Ao final de outubro, por exemplo, o Aberdeen Latin America Equity Fund tinha 63% dos investimentos destinados aos ativos na Bovespa. Vale, Petrobras e Bradesco ocupavam as primeiras posições no fundo.
Robinson falou a EXAME.com sobre o panorama atual da bolsa brasileira, Petrobras e também o que pensa acerca da maior presença do governo federal e das agências reguladoras em setores com bastante presença na renda variável local, como as elétricas e os bancos.
Confira a seguir 5 perguntas respondidas por ele em um evento realizado pela Amec (Associação de Investidores no Mercado de Capitais) na cidade de São Paulo nesta quarta-feira:
EXAME.com - O senhor mudou o seu portfólio de empresas investidas após as recentes intervenções do governo federal, como as feitas no setor elétrico?
Nick Robinson: Na verdade, não muito. A gente aproveitou a oportunidade para comprar mais ações dos bancos porque estão muito baratos, mas fora isso nada. Não temos investimentos no setor elétrico porque sempre tivemos a preocupação com esse setor em países emergentes, por conta do poder regulador. Então evitamos investir no setor elétrico. 
Apesar de uma alta recente nos preços dos combustíveis, a Petrobras continua com preços abaixo dos praticados internacionalmente. O senhor acha que as ações continuarão pressionadas enquanto essa diferença não for resolvida? O senhor está otimista com as ações da petroleira?
Esse assunto é bem complicado porque as ações vão continuar pressionadas enquanto o governo não aumentar os preços. A Petrobras (PETR3PETR4) só tem dois caminhos a seguir: ou corta investimentos, já que não tem fluxo de caixa, ou o governo aumenta o preço do combustível. Nós estamos confiantes que o governo vai aumentar os preços no curto prazo.
Ninguém sabe ao certo, mas estamos confiantes porque o governo não quer que a Petrobras saia prejudicada.
Na sua avaliação, a bolsa brasileira está barata? 
Sim, principalmente as empresas grandes. 
Quais são os setores mais atrativos?
Bancos são interessantes porque estão mais baratos. Não estamos preocupados com a redução da taxa de juros e dos spreads. Os bancos são uma boa opção para se beneficiar do mercado doméstico. As outras empresas do mercado doméstico são muito mais caras.
Quais são as suas principais apostas no mercado brasileiro?
Nossas apostas estão no mercado doméstico: shoppings, varejo como a Renner (LREN3) eHering (HGTX3), e os bancos. Não temos investimentos em elétricas ou no setor de telecomunicação.

Realidade da crise ofusca Obama e bolsas tombam

Investidores continuam preocupados com a situação na Europa e também nos EUA
EXAME.com
  
São Paulo - Os investidores em todo o mundo deram fortes sinais hoje de que a crise financeira internacional e a situação econômica nos Estados Unidos continuam a causar enorme preocupação. Com isso, a reação no dia seguinte à confirmação da reeleição deBarack Obama foi de nervosismo e forte queda nas principais bolsas do mundo.
O democrata garantiu durante esta madrugada a estadia por mais quatro anos na Casa Branca ao superar os 270 votos dos colégios eleitorais necessários para derrotar o seu oponente republicano Mitt Romney. Os resultados das urnas confirmaram ainda a continuidade do controle do Senado pelos democratas e da Câmara dos Representantes pelos republicanos.
As bolsas asiáticas foram as únicas a se segurar perto do campo positivo. O índice Nikkei, da bolsa de Tóquio, terminou em baixa de apenas 0,03%. Na Europa as oscilações foram maiores. O indicador pan-europeu Stoxx 600 caiu 1,35%. O índice Mib, da bolsa da Itália, teve a maior baixa (2,5%). Nos EUA, o índice S&P 500 chegou a cair 2,7% na mínima do dia. Por aqui, o Ibovespa, no pior momento, recuou 2%. Os preços do petróleo também caíram forte.
Abismo fiscal
Após a retirada da indefinição sobre o novo nome a comandar a maior economia do mundo, o mercado agora mostra inquietude sobre a capacidade do governo em enfrentar os problemas fiscais que têm pela frente, principalmente por conta da manutenção da divisão entre os partidos no Congresso. 
O "fiscal cliff - abismo fiscal" se refere ao fim de incentivos fiscais implementados há quase dez anos pela administração de George Bush e ao início de cortes automáticos no orçamento em programas sociais e militares a partir de janeiro de 2013. O valor a ser retirado da economia chega a 600 bilhões de dólares. O temor dos economistas é de que o crescimento do PIB desacelere ou que afunde para uma nova recessão.
"Apesar de a vitória de Obama reduzir o nível de incerteza no mercado - o desafio considerável de negociar um acordo sobre a política fiscal continua", ressalta David Harris, chefe de renda fixa nos EUA do banco Schroders, em um relatório. Ele calcula que caso nada seja feito, o PIB (Produto Interno Bruto) do país possa encolher em 4%.
Para Steve Barrow, analista do Standard Bank, é provável que o Congresso decida a coisa certa, mas não com o melhor timing. "O problema é que a casa pode fazer isso apenas no último momento possível", ressalta. O economista cita como exemplo o último debate fiscal ocorrido ali em agosto de 2011: o aumento do limite do endividamento do país.
O nível foi elevado e as preocupações encerradas, mas não antes de aterrorizar os investidores com a possibilidade de um calote em alguns papéis do Tesouro americano e da agência Standard and Poor?s rebaixar a nota de crédito do país de AAA para AA . A classificadora disse que o principal gatilho para a revisão foi a "divergência entre os partidos políticos quanto à política fiscal".
Europa
As projeções ruins para a economia europeia e até para o país-motor da região, a Alemanha, também contribuíram para a piora do sentimento do mercado. A Comissão Europeia (CE) declarou nesta quarta-feira que o PIB dos países da zona do euro irá se contrair em 0,4% em 2012 e ficará em "ponto morto" em 2013 ( 0,1%). A expectativa anterior era de que os 17 países crescessem 1% no ano que vem.
"A Europa está atravessando um processo difícil de reequilíbrio macroeconômico, que durará um tempo. Nossos prognósticos apontam para uma melhoria gradual do crescimento no início do próximo ano", disse Olli Rehn, vice-presidente da Comissão Europeia e titular de Assuntos Econômicos e Monetários.
Na Alemanha, um relatório publicado nesta manhã mostra que a produção industrial alemã caiu 1,8% em setembro, mais do que era previsto. "A produção industrial no quarto trimestre será prejudicada pelos níveis fracos de encomendas", informou o Ministério da Economia do país em comunicado. A chanceler do país Angela Merkel declarou no início da semana que a crise da dívida soberana da zona do euro durará pelo menos mais cinco anos.
Na Grécia, o país entrou no segundo dia de greve nacional contra os cortes orçamentários, aumentos tributários e reformas trabalhistas. O Parlamento do país tenta aprovar hoje as medidas de austeridade exigidas pela troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional).