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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Juros futuros são pressionados por alta de combustíveis


O mercado futuro de juros repercute nesta quarta-feira declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre o reajuste do preço da gasolina

AGÊNCIA ESTADO
  
São Paulo - O mercado futuro de juros repercute nesta quarta-feira declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre o reajuste do preço da gasolina.
O ministro disse que não é "oportuno" falar de novo aumento, mas sinalizou que a política de preços para os combustíveis pode mudar. A fala de Mantega renova as preocupações com a inflação e, assim, faz com que os juros futuros iniciem o dia em alta.
A informação de que o governo vai flexibilizar a meta fiscal em 2013 contribui para esse movimento. Mas o rumo dos negócios ao longo do dia também depende da divulgação de dados de atividade.
"Apesar de o ministro ter descartado novo aumento dos combustíveis agora, até porque um reajuste acabou de ser concedido, o fato de ele falar que estarão mais atentos ao petróleo no mercado internacional mantém as taxas futuras pressionadas", diz o gerente de renda fixa da Lerosa Investimentos, Carlos Fernando Vieira.
Ele acrescenta que a informação sobre a flexibilização da meta fiscal, embora traga mais clareza diante de críticas sobre manobras fiscais, "é outro indício de que o governo pode estar menos preocupado com a inflação e mais com o crescimento, o que adiciona pressão à curva de juros".
Na noite de terça-feira (05), Mantega afirmou que a tendência é que novos reajustes nos preços dos combustíveis acompanhem mais de perto a variação da cotação do barril de petróleo no mercado internacional.
"Nós procuraremos estar mais colados à variação de preços do barril de petróleo lá fora para que não haja, digamos, nenhum prejuízo para a Petrobras". No entanto, evitou dizer quando ocorreria um novo reajuste. "Nós acabamos de dar um aumento para a gasolina, portanto, não me parece oportuno falarmos de um novo aumento".
Meta fiscal
Quanto à meta fiscal, o governo criará um novo mecanismo que permitirá contabilizar até R$ 20 bilhões das desonerações de impostos como parte do superávit primário. Formalmente, manterá o compromisso de fazer um esforço fiscal de R$ 155,9 bilhões, ou 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Porém, com o novo artifício, o governo poderá poupar até 41,8% menos do que o previsto e, ainda assim, terá cumprido legalmente o esforço fiscal prometido.
Segundo o ministro da Fazenda, as desonerações constituem "gastos tributários". "A meta de 3,1% do PIB é importante, vamos continuar a contenção, mas poderemos flexibilizar quando houver investimento. Agora, pedimos ao Congresso um limite adicional para o caso de fazermos desoneração. Isso mantém o espírito e faz parte do momento", afirmou Mantega.
Novos dados
Ainda na manhã desta quarta serão divulgados números sobre o Nível de Utilização da Capacidade da Indústria (Nuci) em dezembro e no acumulado de 2012, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), às 11 horas, e dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) sobre a produção automobilística em janeiro, no mesmo horário.
Para o Nuci, a previsão é que termine dezembro entre 81,20% e 81,90%, com mediana de 81,40%, segundo levantamento do AE Projeções. Às 12h30, o Banco Central revela o Índice de Commodities (IC-Br) referente ao mês passado.
"Os juros futuros ficam atentos aos números da CNI, que devem apontar nova alta do Nuci, e da Anfavea, com perspectiva de um mês de janeiro positivo. Com isso, os dados forneceriam suporte às altas recentes dos DIs", diz o economista Silivio Campos Neto, da Tendências Consultoria, no serviço online da empresa.
Já a inflação percebida pelas famílias de baixa renda, divulgada mais cedo, acelerou de 0,76% em dezembro para 0,98% em janeiro, conforme o Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O indicador mensura o impacto da movimentação de preços entre famílias com renda mensal entre 1 e 2,5 salários mínimos. Em 12 meses, a alta acumulada é de 7,03%.
Às 9h25, na BM&FBovespa, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 projetava taxa de 7,29%, ante 7,28% no ajuste de terça-feira (05); o DI com vencimento em janeiro de 2015 marcava 8,05%, de 8,02% na véspera; e o contrato para janeiro de 2017 tinha taxa de 9,04%, ante 9,00% no ajuste anterior.

Por que uma ação da Petrobras subiu e outra caiu 8%


Empresa conseguiu controlar custos no último trimestre, mas cortou dividendos

EXAME.com
  
São Paulo - A Petrobras (PETR3PETR4) viveu um dia um tanto quanto estranho na Bovespa. Enquanto as ações preferenciais terminaram a terça-feira com uma leve alta de 0,4%, as ordinárias derreteram 8,3% - para o menor nível desde 28 de dezembro de 2005. Os investidores reagiram ao balanço de 2012 publicado na segunda-feira à noite.
lucro líquido em 2012 sofreu uma queda de 36%, para 21,182 bilhões de reais. No quarto trimestre, o lucro líquido ficou em 7,747 bilhões de reais, 53% maior que os 5,049 bilhões registrados no mesmo período do ano passado e do que era esperado. A melhora, contudo, veio por conta do resultado financeiro - nada ligado às operações principais.
"Apesar de um lucro líquido maior no último trimestre de 2012 ante o mesmo período do ano anterior, destacadamente em razão de um melhor resultado financeiro, velhos problemas novamente impactaram sobremaneira os resultados, traduzindo-se em queda na geração operacional de caixa e na rentabilidade real", ressalta Marco Aurélio Barbosa, analista da Coinvalores, em relatório.
Dividendos
A explicação para o desempenho diferente das ações no pregão está no anúncio sobre a distribuição dos 8,8 bilhões de reais sobre os dividendos do lucro do ano passado. "A empresa anunciou queda nos dividendos das ações ON para o mínimo de 25% do lucro", aponta Christian Audi, analista do Santander, em análise.
A companhia informou que pagará dividendo de 0,47 real por ação ordinária e 0,96 real por ação preferencial e ainda relatou que essa diferença pode continuar. Em teleconferência, o diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa, disse que a política de dividendos seguirá a mesma, mas que os acionistas preferenciais terão, algumas vezes, preferência na distribuição de dividendos. O corte teria guardado 3,6 bilhões de reais nos cofres da empresa, segundo cálculos do Citi.
"Para 2013, dependendo do lucro líquido obtido, as ações preferenciais poderão novamente receber dividendos acima das ações ordinárias", projeta Luiz Otávio Broad, da Ágora Corretora.
"A mudança nos dividendos ilustra que as dificuldades financeiras podem levar a Petrobras revisar alguns pilares da alocação de capital", observa Emerson Leite, analista do Credit Suisse, em relatório. Ele pontua, contudo, que não espera uma mudança no plano de investimentos que, aliás, foi elevado em 2013.
"Embora a diferença nos dividendos possa sugerir que a companhia está tentando economizar caixa, o aumento substancial no capex [investimento] não sustenta esta conclusão", ressalta Paula Kovarsky e Diego Mendes, analistas do Itaú BBA. O plano é investir 97,7 bilhões de reais em 2013, 16% acima do que foi aplicado no ano passado.
Corte de custos
Um ponto positivo no balanço da estatal no período é a redução de custos na comparação do quarto com o terceiro trimestre do ano passado, o que acende uma luz de esperança sobre o efeito que o plano de corte de custos de 32 bilhões de reais até 2016. Alguns gastos, como os de refino, caíram 10% na comparação. Essa é a principal aposta dos analistas para melhorar a margem da Petrobras, mas a expectativa é de que as ações de eficiência e produtividade demorem a se concretizar.
A presidente da empresa, Maria das Graças Foster, disse que reconhece as dificuldades que se apresentam e que após um extenso e detalhado diagnóstico definiu prioridades e ações estruturantes de curto e médio prazos para aprimorar os resultados econômico-financeiros.
"São todas afirmações fortes, e não termos dúvida sobre as intenções e esforços da administração. Infelizmente, o mercado de ações provavelmente precisa ver sinais de melhorias antes de acreditar (e precificar) uma reviravolta da Petrobras", conclui Leite, da Petrobras.