Europa: Espanha e Grécia em foco
Maio
foi um mês marcado pelo aumento das tensões quanto ao futuro da
sustentabilidade do Bloco, onde a complicada situação do sistema bancário
espanhol e o delicado quadro político grego fizeram o mercado precificar uma
maior probabilidade de um cenário de ruptura da Zona do Euro. Neste contexto, o
yield do título de 10 anos espanhol iniciará o mês de junho próximo ao nível
fatídico de 7%, no qual vimos Portugal, Irlanda e Grécia tendo de recorrer a
ajuda dos fundos de estabilização e FMI para rolarem e administra-rem suas
dívidas. Vale ressaltar que a Espanha é a quarta maior economia do Bloco e
representa praticamente o dobro destes três países juntos (Portugal, Irlanda e
Grécia). Já a Grécia dependerá do desenrolar das eleições do dia 17 para
definir o seu futuro, onde uma possível saída desordenada da Zona do Euro,
apesar de se tratar de um cenário extremo, não pode ser descartada. Com isso,
acreditamos que as elevadas incertezas no Velho Continente deverão perdurar em
junho, mantendo um tom de cautela nos mercados.
Ásia: pouso da segunda maior economia do mundo não está tão suave assim
A
China contribuiu para o movimento de forte aversão ao risco observado no mês de
maio, a medida que os dados de atividade refe-rentes ao mês de abril revelaram
que a desaceleração da economia chinesa está se mostrando mais intensa e mais
prolongada do que o esperado. Nos dados de balança comercial foi possível
perceber um desempenho bem mais fraco que o esperado, levantando receios de que
o baixo ritmo das exportações já esteja sendo reflexo de uma demanda mais fraca
da Europa, seu principal destino, aumentan-do a preocupação de que a crise na
Zona do Euro pode afetar de maneira as atividades chinesas. Já no lado das
importações, que vie-ram bem abaixo do esperado, sustenta a tese de que a
desaceleração econômica promovida pelo governo chinês pode ocorrer de uma
maneira mais intensa, o que foi corroborado nas divulgações dos dados de
produção industrial e investimentos. A julgar pelas evidên-cias mais recentes
reportadas na mídia local, que confirmam um desaquecimento das atividades
chinesas e uma maior tolerância por parte do governo em aceitar um ritmo de
crescimento econômico mais moderado, entre 7% e 8%, acreditamos que a segunda
maior economia do mundo continua em seu processo de “pouso” no segundo
trimestre para, então, apresentar recuperação na segunda me-tade de 2012. Tal
fato, aliado com os riscos de uma recessão mais severa nos países periféricos
da Zona do Euro, pode contribuir para elevar as incertezas quanto à
sustentabilidade do crescimento global no curto prazo.
EUA: Dados de atividade sugerem recuperação. Até agora
No
lado das atividade industriais e vendas no varejo, os EUA continuam em curso
com sua recuperação econômica, que sustenta as expectativas do mercado de um
crescimento ligeiramente superior a 2% para o ano de 2012. No lado do mercado
de trabalho, a divul-gação do Payroll de abril marcou o segundo mês consecutivo
de certa decepção para os mercados, onde o número de postos de traba-lho
criados ficou abaixo das expectativas. É importante que as próximas divulgações
não confirmem a piora do mercado de trabalho para podermos manter nossa visão
de que a recuperação americana segue seu curso e, assim, podermos ter um certo
alívio de que a maior economia do mundo está conseguindo manter um crescimento
moderado, porém suficiente para sustentar as atuais expectativas de crescimento
global.
Brasil: Recuperação da indústria cada vez mais distante
Os
dados de produção industrial seguem negativos e iniciaram o 2T12 de maneira
bastante fraca, decepcionando aqueles que aposta-vam em uma recuperação mais
forte da atividades, ainda neste primeiro semestre do ano. Com isso cresce a
expectativa do mercado de que o crescimento do PIB de 2012 será inferior a taxa
de 3% ou, até mesmo, inferior ao fraco crescimento de 2,7% observado no ano de
2011. Neste contexto, o Banco Central segue dando continuidade nos cortes de
juros, levando a SELIC para a sua mínima histó-rica de 8,5% ao ano. O governo
segue com sua missão de promover o crescimento e anunciou um forte pacote para
estimular o consu-mo no setor de veículos, que segue sendo o mais prejudicado
na desaceleração da indústria. Por fim, o câmbio continuou seu forte mo-vimento
de depreciação e o dólar passa a ser cotado ligeiramente acima do patamar de
R$2,00. As atividades industriais deverão per-manecer fracas no curto prazo,
mas com a coincidência de estímulos gerados por uma política monetária, cambial
e fiscal amplamente expansionistas para as
atividades industriais, é possível acreditar numa retomada do crescimento
econômico a partir do 2S12.