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domingo, 3 de junho de 2012

Panorama Mensal do Mercado




Europa: Espanha e Grécia em foco

Maio foi um mês marcado pelo aumento das tensões quanto ao futuro da sustentabilidade do Bloco, onde a complicada situação do sistema bancário espanhol e o delicado quadro político grego fizeram o mercado precificar uma maior probabilidade de um cenário de ruptura da Zona do Euro. Neste contexto, o yield do título de 10 anos espanhol iniciará o mês de junho próximo ao nível fatídico de 7%, no qual vimos Portugal, Irlanda e Grécia tendo de recorrer a ajuda dos fundos de estabilização e FMI para rolarem e administra-rem suas dívidas. Vale ressaltar que a Espanha é a quarta maior economia do Bloco e representa praticamente o dobro destes três países juntos (Portugal, Irlanda e Grécia). Já a Grécia dependerá do desenrolar das eleições do dia 17 para definir o seu futuro, onde uma possível saída desordenada da Zona do Euro, apesar de se tratar de um cenário extremo, não pode ser descartada. Com isso, acreditamos que as elevadas incertezas no Velho Continente deverão perdurar em junho, mantendo um tom de cautela nos mercados.

Ásia: pouso da segunda maior economia do mundo não está tão suave assim

A China contribuiu para o movimento de forte aversão ao risco observado no mês de maio, a medida que os dados de atividade refe-rentes ao mês de abril revelaram que a desaceleração da economia chinesa está se mostrando mais intensa e mais prolongada do que o esperado. Nos dados de balança comercial foi possível perceber um desempenho bem mais fraco que o esperado, levantando receios de que o baixo ritmo das exportações já esteja sendo reflexo de uma demanda mais fraca da Europa, seu principal destino, aumentan-do a preocupação de que a crise na Zona do Euro pode afetar de maneira as atividades chinesas. Já no lado das importações, que vie-ram bem abaixo do esperado, sustenta a tese de que a desaceleração econômica promovida pelo governo chinês pode ocorrer de uma maneira mais intensa, o que foi corroborado nas divulgações dos dados de produção industrial e investimentos. A julgar pelas evidên-cias mais recentes reportadas na mídia local, que confirmam um desaquecimento das atividades chinesas e uma maior tolerância por parte do governo em aceitar um ritmo de crescimento econômico mais moderado, entre 7% e 8%, acreditamos que a segunda maior economia do mundo continua em seu processo de “pouso” no segundo trimestre para, então, apresentar recuperação na segunda me-tade de 2012. Tal fato, aliado com os riscos de uma recessão mais severa nos países periféricos da Zona do Euro, pode contribuir para elevar as incertezas quanto à sustentabilidade do crescimento global no curto prazo.

EUA: Dados de atividade sugerem recuperação. Até agora

No lado das atividade industriais e vendas no varejo, os EUA continuam em curso com sua recuperação econômica, que sustenta as expectativas do mercado de um crescimento ligeiramente superior a 2% para o ano de 2012. No lado do mercado de trabalho, a divul-gação do Payroll de abril marcou o segundo mês consecutivo de certa decepção para os mercados, onde o número de postos de traba-lho criados ficou abaixo das expectativas. É importante que as próximas divulgações não confirmem a piora do mercado de trabalho para podermos manter nossa visão de que a recuperação americana segue seu curso e, assim, podermos ter um certo alívio de que a maior economia do mundo está conseguindo manter um crescimento moderado, porém suficiente para sustentar as atuais expectativas de crescimento global.

Brasil: Recuperação da indústria cada vez mais distante

Os dados de produção industrial seguem negativos e iniciaram o 2T12 de maneira bastante fraca, decepcionando aqueles que aposta-vam em uma recuperação mais forte da atividades, ainda neste primeiro semestre do ano. Com isso cresce a expectativa do mercado de que o crescimento do PIB de 2012 será inferior a taxa de 3% ou, até mesmo, inferior ao fraco crescimento de 2,7% observado no ano de 2011. Neste contexto, o Banco Central segue dando continuidade nos cortes de juros, levando a SELIC para a sua mínima histó-rica de 8,5% ao ano. O governo segue com sua missão de promover o crescimento e anunciou um forte pacote para estimular o consu-mo no setor de veículos, que segue sendo o mais prejudicado na desaceleração da indústria. Por fim, o câmbio continuou seu forte mo-vimento de depreciação e o dólar passa a ser cotado ligeiramente acima do patamar de R$2,00. As atividades industriais deverão per-manecer fracas no curto prazo, mas com a coincidência de estímulos gerados por uma política monetária, cambial e fiscal amplamente expansionistas para as atividades industriais, é possível acreditar numa retomada do crescimento econômico a partir do 2S12.