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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Bovespa segue exterior e tem 2ª queda consecutiva


Recuo nos papeis da Petrobras e abismo fiscal nos EUA contribuíram para segunda queda seguida na bolsa

Alessandra Taraborelli - AGÊNCIA ESTADO
  
São Paulo - A Bovespa voltou a seguir o exterior e registrou o segundo dia consecutivo de queda nesta quinta-feira. Mais uma vez, os temores com a questão fiscal nos Estados Unidos ditaram o tom negativo.
Nem mesmo os dados norte-americanos divulgados mais cedo e a decisão dos ministros das Finanças europeus de liberar a próxima parcela de ajuda para Grécia foram suficientes para animar os investidores, que preferiram embolsar parte dos ganhos acumulados no mês. A queda das ações da Petrobras também contribuiu para a performance negativa.
O Ibovespa encerrou com recuo de 0,26%, aos 59.316,75 pontos. Com isso, o índice reduziu a valorização no mês para 3,21% e, no ano, para 4,52%. Na mínima, a Bolsa atingiu 59.154 pontos (-0,54%) e, na máxima, 59.969 pontos ( 0,83%). O giro financeiro ficou em R$ 7,431 bilhões. Os dados são preliminares.
A questão fiscal nos EUA voltou à tona, porque o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Ben Bernanke, disse que, se os EUA caírem no chamado abismo, a economia do país será prejudicada de tal forma que o banco central não pode controlar. A observação funcionou para os investidores se desfazerem de ativos de risco.
Para o sócio-diretor da corretora Elite, Otto dos Santos, a questão fiscal será resolvida e o mercado já precificou o assunto. Ele acredita, entretanto, que o Congresso só anunciará alguma coisa no fim do prazo. "Os republicamos e os democratas vão levar essa questão até o limite e só farão o anúncio no limite, não irão resolver antes. Mas deve ter alguma solução boa", estima, ressaltando que o movimento da Bolsa nesta sessão foi mais técnico, com o aplicador garantindo parte dos ganhos recentes.
As blue chips fecharam em direções distintas. As ações da Petrobras terminaram com queda de 1,45% a ON e de 1,41% a PN. Já os papéis da Vale encerraram com ganho de 0,56% o ON e 0,39% o PNA.
As ações ON da Hypermarcas subiram 5,76% e lideraram as altas do Ibovespa. Na véspera, o Conselho de Administração da empresa aprovou uma cisão parcial da companhia da parte localizada em Bragança Paulista (SP), incluindo os ativos e passivos relacionados à fabricação e venda de medicamentos da antiga e extinta Luper Indústria Farmacêutica.
O ranking de perdas foi liderado por Klabin PN, com recuo de 4,67%.
Nos EUA, o número de pedidos de auxílio-desemprego diminuiu para 343 mil na semana passada, melhor do que a queda para 367 mil prevista por economistas. O índice de preços ao produtor (PPI) caiu 0,8% em novembro ante outubro, uma queda maior do que a esperada, de 0,5%. Os estoques das empresas aumentaram 0,4% em outubro ante setembro, em linha com o esperado. No entanto, as vendas no varejo cresceram 0,3% em novembro ante outubro, abaixo da estimativa de 0,5%.
Na Europa, os ministros das Finanças da zona do euro concordaram em desembolsar 49,1 bilhões de euros para a Grécia, sendo cerca de 34,4 bilhões de euros ainda neste mês. Antes disso, os ministros haviam chegado a um consenso para criar um supervisor bancário europeu, cujo papel será desempenhado pelo Banco Central Europeu (BCE).
Na bolsa nova-iorquina, às 17h50 (horário de Brasília), o índice Dow Jones caía 0,57%, o S&P 500 perdia 0,67% e o Nasdaq recuava 0,83%.

Prof. Pardal da economia testa mercado em invenção histórica


Ben Bernanke, presidente do BC americano, surpreendeu os mercados com uma nova linguagem

Gustavo Kahil - EXAME.com
  
São Paulo - Ben Shalom Bernanke, presidente do Banco Central americano, é reconhecido no meio acadêmico e entre os investidores como um dos maiores especialistas sobre a Grande Depressão de 1929 e também um entusiasta da expansão monetária para combater crises. Devido ao fato, passou a ser conhecido como "Helicopter Ben", pois certa vez defendeu a ideia do Nobel de economia, Milton Friedman, de que arremessaria dinheiro de um helicóptero para sair de um ambiente deflacionário.
Quatro anúncios de afrouxamentos monetários depois (conhecidos como Quantitative Easing) não há dúvida alguma sobre quanto o apelido lhe cai bem. Mas Bernanke foi muito além da expansão do balanço do Federal Reserve para 4 trilhões de dólares. Ele inovou diversas vezes na comunicação com o mercado e a sociedade em geral sobre os rumos da política monetária americana.
Além de "Helicopter Ben", o ex-chefe do departamento de economia da Universidade de Princeton já pode começar a ser chamado de "Gyro Gearloose", personagem da Walt Disney conhecido no Brasil como Professor Pardal.
Nunca antes
A última cartada do chefe do Fed foi posta à mesa na quarta-feira. O texto do comunicado é tão surpreendente que não será estranho encontrar, em breve, a íntegra dele em um futuro livro de macroeconomia. Depois de ter fixado, de maneira inédita, um prazo para a manutenção do juro entre zero e 0,25% ao ano, a equipe de Bernanke chocou mais uma vez ao abandonar a meta de calendário para adotar uma ligada à recuperação econômica.
A frase "em níveis excepcionalmente baixos pelo menos até meados de 2015", que se repetia há anos (apenas com a mudança da data esperada), foi substituída pela indicação de que o juro continuará baixo enquanto a taxa de desemprego estiver acima de 6,5%, na inflação projetada para um a dois anos à frente não superar meio ponto percentual superior à meta de 2% e as expectativas inflacionárias permanecerem ancoradas.
"O Banco Central norte-americano fez um movimento ousado ontem e colocou a política monetária em terreno completamente desconhecido. Ao vincular a taxa de juros como variável dependente, ou seja, subordinada às variáveis reais como desemprego, a Autoridade Monetária dá o último passo possível na administração do dinheiro", destaca o economista-chefe da Gradual Corretora, André Perfeito, em relatório.
Reação incerta
As bolsas mundiais reagiram com uma leve alta após o anúncio, mas parece que os investidores ficaram inseguros sobre qual rumo tomar e o mercados encerraram a quarta-feira em leve baixa. Afinal, sabe-se que os mercados adoram uma taxa de juro baixa e, claro, uma economia pujante. Mas o recado do Fed tem um viés um pouco assustador. Quando o desemprego diminuir e reacender a economia americana, o juro voltará a subir. Definitivamente não é o que o mercado gostaria de ver. "O mercado ainda não digeriu direito esta medida que de tão radical gerou mais desconforto que confiança num primeiro momento", observa Perfeito.
Para Mohamed El-Erian, CEO da maior gestora de títulos públicos do mundo PIMCO, a reação pode ser comparada com o sentimento de um paciente quando confrontado com a notícia sobre o desenvolvimento de um novo medicamento que ainda não passou por testes clínicos. "Ao longo do dia, os investidores perceberam que, como qualquer droga em período experimental, há um risco concreto de complicações", explica El-Erian em um artigo publicadonesta quarta-feira.
Bernanke disse depois em uma coletiva de imprensa que o nível de 6,5% não deve ser visto como um gatilho para a mudança. Ninguém duvida, contudo, que o já bastante avaliado Relatório de Emprego, divulgado toda primeira sexta-feira do mês, será ainda mais destrinchado pelos investidores. Nas histórias da Disney, o Prof. Pardal normalmente se dá mal. Na vida real, a eficácia das invenções de Bernanke ainda está sendo testada. Se o apelido Pardal é justo ou injusto, o mercado talvez descubra em meados de 2015, quando se espera que o desemprego chegue ao nível de 6,5%.

"É muito confuso", diz grande investidor sobre governo Dilma


Brasil está perdendo a confiança dos investidores estrangeiros com as tentativas do BC de conter o pior deslize do real

Ye Xie,Blake Schmidt - Bloomberg
  
São Paulo - O Brasil está perdendo a confiança dos investidores estrangeiros com as tentativas do Banco Central de conter o pior deslize do real desde 2008, ao mesmo tempo em que a presidente Dilma Rousseff sinaliza que uma moeda mais fraca pode ajudar a estimular a economia.
O Banco Santander Brasil SA, quinto maior banco do País em ativos, disse em 6 de dezembro que o dólar pode subir 8,5 por cento, para R$ 2,25 até dezembro de 2013, de R$ 2,0722 de ontem, ampliando o declínio de 9,9 por cento do real este ano, o maior entre as principais moedas avaliadas pela Bloomberg.
O Itaú Unibanco Holding SA, segundo maior banco, revisou sua estimativa para 2013 no mesmo dia de R$ 2,02 para R$ 2,15, enquanto o HSBC Holdings Plc disse que o dólar vai subir para R$ 2,30, uma valorização de cerca de 11 por cento.
O BC vendeu dólares no mercado futuro e aliviou medidas de controle de capital externo neste mês depois que o real caiu para o menor nível em três anos, eliminando medidas que tinham por objetivo conter a alta de 55 por cento na moeda entre 2004 e 2011.
"É muito confuso o que eles querem e, enquanto isso não está claro, o que fica claro é que eles abandonaram a flutuação livre da moeda e que o governo quer que o real fique em um determinado nível, ainda que não esteja claro que nível é esse", disse Pablo Cisilino, que ajuda a administrar aproximadamente US$ 50 bilhões em títulos de dívidas de mercados emergentes, incluindo títulos brasileiros, na Stone Harbor Investment Partners em Nova York. "Isso é algo que tem incomodado o mercado."