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quarta-feira, 5 de setembro de 2012


Bovespa ensaia recuperação, mas ainda espera BCE

O anúncio feito ontem pelo governo, de elevação do Imposto de Importação para 100 produtos, pode favorecer os papéis de alguns setores ao longo do dia

 
São Paulo - Após a forte queda de 1,83% na terça-feira (4), a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) começa a sessão desta quarta-feira com tendência de alta, recuperando um pouco das perdas mais recentes. Mas, como os principais eventos da agenda ficaram para o fim da semana - com destaque para a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) na quinta-feira e para o relatório de emprego dos EUA na sexta-feira -, o Ibovespa deve seguir refém da cautela que predomina no exterior. Já o anúncio feito ontem pelo governo, de elevação do Imposto de Importação para 100 produtos, pode favorecer os papéis de alguns setores ao longo do dia.
Às 10h04 (horário de Brasília), o Ibovespa à vista subia 0,61%, aos 56.575 pontos, na contramão dos índices futuros de Nova York, onde o S&P recuava 0,13% e o Nasdaq caía 0,14%. Na Europa, os índices à vista operavam em direções divergentes, com Londres (-0,09%), Paris ( 0,65%) e Frankfurt ( 0,65%).
"Para as bolsas hoje, o cenário ideal seria de estabilidade, porque está todo mundo na expectativa de alguma notícia positiva em relação à política monetária (do BCE)", comentou um operador ouvido nesta manhã pela Agência Estado. "Fora isso, temos o payroll (relatório de empregos nos EUA) na sexta-feira. O mercado tem muita expectativa e pouco indicador hoje."
No entanto, o profissional destacou que ontem o Ibovespa caiu bastante e "bateram demais em alguns papéis", o que abre espaço para certa recuperação na sessão desta quarta-feira. Mas o movimento do Ibovespa, segundo ele, ficará mais claro após a abertura do mercado em Nova York, às 10h30. "O investidor estrangeiro tem entrado bastante na venda (de ações). Se isso continuar, o Ibovespa pode pesar", afirmou.
Vale e Petrobras, que ontem recuaram, serão observadas com atenção. Conforme análise distribuída a clientes pela equipe da Um Investimentos, as ações preferenciais da Vale, que ontem fecharam em R$ 32,12, "seguem em uma forte tendência de queda no curtíssimo prazo". "Mantendo-se abaixo dos R$ 34,51, tem próximo ponto no fundo formado em outubro de 2009 em R$ 31,00." No caso de Petrobras PN, que ontem fechou a R$ 20,43, o próximo ponto gráfico está nos R$ 19,30 e o suporte seguinte nos R$ 18,00.
Já o anúncio feito ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de elevação do Imposto de Importação para 100 produtos, favorece setores como siderurgia, petroquímica, química fina, medicamentos e bens de capital, o que pode se refletir positivamente nas ações hoje. Vale lembrar que ontem o setor de siderurgia foi um dos que mais contribuíram para a baixa do Ibovespa.
Na Europa, as vendas do varejo na zona do euro recuaram 0,2% em julho ante junho e caíram 1,7% na comparação com julho do ano passado. Economistas esperavam queda mensal de 0,3%. Na Alemanha, a queda mensal foi de 0,9% e, na Espanha, de 1,9%. A França registrou aumento de 0,9% e a Irlanda elevação de 1,7%.
Já o índice dos gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro caiu para 46,3 em agosto, de 46,5 em julho, segundo a Markit. O número foi revisado para baixo do cálculo preliminar de 46,6 e permanece menor que 50, o que indica contração da atividade. O PMI composto da Alemanha caiu para a mínima em mais de três anos de 47,0 em agosto, de 47,5 em julho.

Incerteza regulatória traz riscos para investidores, diz UBS

Segundo a análise do banco, o setor de telecomunicações está sendo negativamente afetado pelo cenário competitivo, pelo desempenho econômico e por incertezas regulatórias

Teletime
 
São Paulo - Uma análise do banco UBS divulgada a investidores na semana passada, dia 29, reforça em praticamente todos os aspectos as preocupações que foram manifestadas pelos operadores de telecomunicações no discurso de abertura do Painel TELEBRASIL e na Carta de Brasília, o documento formal de posicionamento do setor.
Segundo a análise do UBS, o setor de telecomunicações no Brasil está sendo negativamente afetado pelo cenário competitivo, pelo desempenho econômico e por incertezas regulatórias, o que pode ser percebido no desempenho fraco das ações das principais empresas prestadoras de serviço.
O processo de deterioração do desempenho do setor em bolsa, destaca a análise do UBS, pode ser mais facilmente percebido a partir de julho, como o ponto de inflexão, mas é um processo estrutural que vem de mais tempo. A análise do banco destaca que apesar de a base de assinantes ter crescido cumulativamente cerca de 17% ao ano, o crescimento de EBITDA e as receitas do setor não chegaram a 6% no acumulado ano a ano no mesmo período.
Expectativas sobre a Oi
Do ponto de vista competitivo, o destaque do UBS é o ressurgimento da Oi. Ainda que exista, por parte do banco, um certo ceticismo com relação à capacidade da Oi de atingir seus objetivos desenhados no plano estratégico apresentado em abril, o UBS acredita que a estratégia da operadora seja acertada e um esforço dela nesse sentido deve pressionar as demais prestadoras a reduzirem margens e serem mais agressivas, o que causa um efeito de deterioração de resultados para toda a indústria, sobretudo considerando-se que a cada dia fica mais difícil conquistar um novo assinante.
Ainda do ponto de vista operacional, diz a análise do UBS, o setor vê uma necessidade de expansão dos investimentos, seja para cumprir as obrigações regulatórias, demanda de serviços ou enfrentar a competição. Esse aumento de investimentos também se mostra um fator negativo, do ponto de vista do mercado investidor.
Economia e Anatel
Outro fator destacado pelo UBS é o desempenho da economia. Segundo o banco, o setor de telecomunicações sente diretamente qualquer tipo de retração, seja no mercado residencial como corporativo. Uma desaceleração econômica terá impacto sobre as taxas de crescimento, diz o UBS.
Por fim, como fator que se soma ao que o UBS chama de "Annus horribilis" para definir o cenário em 2012 é a incerteza regulatória. Segundo o banco, tanto as regras do leilão de 4G quanto a cautelar que suspendeu em julho, por 11 dias, as vendas de novas linhas móveis sinalizam que a Anatel está mais dura. Segundo o relatório do UBS, "Anatel has surprised us in the last 3 months with the severity of its words and deeds".
Ou seja, a Anatel surpreendeu nos últimos três meses com a severidade de suas palavras e ações, numa tradução livre. O receio do UBS é não apenas com o que foi feito, mas com a possibilidade de que, como parte das medidas que ainda possam ser tomadas pela agência na mesma direção, se abra um leque muito amplo de possíveis sansões e medidas, como obrigação de compartilhamento de infraestrutura, alterações nas regras de interconexão e obrigações de novos investimentos.
Até mesmo a sinalização de um leilão de 700 MHz antes do esperado é visto como o UBS como um fator de incerteza, sobretudo dependendo das obrigações que possam vir com esse leilão, como o financiamento do fim das transmissões analógicas de TV.

Usiminas dispara e ajuda Ibovespa a fechar no azul

O Ibovespa subiu 1,12 por cento, a 56.863 pontos, e voltou a ficar ligeiramente positivo no ano, em 0,19 por cento

 
São Paulo - A Bovespa fechou em alta nesta quarta-feira, impulsionada pela disparada das ações da Usiminas , após o governo ter anunciado na véspera a elevação de imposto de importação para 100 produtos, incluindo siderúrgicos e petroquímicos.
O Ibovespa subiu 1,12 por cento, a 56.863 pontos, e voltou a ficar ligeiramente positivo no ano, em 0,19 por cento.
O giro financeiro do pregão foi de 5,66 bilhões de reais, abaixo da média diária do ano, de cerca de 7,2 bilhões de reais.
"Esse aumento dos impostos para importação colaborou para a recuperação da bolsa na sessão, com alta forte das ações da Usiminas, empresa que se beneficia desse protecionismo", disse o estrategista da Futura Corretora, Luis Gustavo Pereira.
A ação preferencial da Usiminas, produtora de aços planos, liderou os ganhos do Ibovespa e teve o segundo maior giro da bolsa brasileira. O papel saltou 17,97 por cento, a 9,52 reais, na maior variação percentual de fechamento desde setembro de 2008.
"A receita da Usiminas tem grande exposição ao mercado interno e essa medida do governo ajuda ao diminuir a concorrência com importados", acrescentou Pereira.
Na terça-feira, o governo federal lançou nova medida para ajudar o setor industrial, elevando para 25 por cento, em média, alíquota de importação de 100 produtos.
Também em reflexo do anúncio, as ações da siderúrgica e mineradora CSN saltaram 8,16 por cento, a 10,34 reais, e os papéis da petroquímica Braskem tiveram alta de 5,63 por cento, a 13,70 reais.
Entre as blue chips, a preferencial da Vale subiu 1,37 por cento, a 32,56 reais, e a da Petrobras ganhou 0,78 por cento, a 20,59 reais. OGX teve queda de 1,12 por cento, a 6,16 reais.
Rossi Residencial amargou a maior perda do Ibovespa, de 6,97 por cento, a 5,07 reais, depois que a construtora e incorporadora informou que negocia aumento de capital de até 500 milhões de reais, a preço indicativo de 4,50 reais por ação.
Fora do índice, a ação da Positivo Informática derreteu 15,5 por cento, a 5,32 reais, mais que devolvendo a alta de dois dígitos da véspera. Na noite de terça-feira, a companhia desmentiu rumores sobre a venda da companhia.
Na cena externa, os mercados seguiam na expectativa da reunião do Banco Central Europeu (BCE) na quinta-feira, quando poderão ser anunciados detalhes sobre o plano de compra de bônus para combater a crise da dívida da região.
Na bolsa de Nova York, o índice Dow Jones teve alta de 0,09 por cento. Mais cedo, o principal índice europeu de ações fechou praticamente estável, com oscilação positiva de 0,01 por cento.