Pesquisar

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Juros reagem em baixa em reposta a PIB fraco


Curva precificou na sessão desta sexta-feira uma possível alta da taxa básica de juros somente em 2014

Fabrício de Castro - AGÊNCIA ESTADO
  
O crescimento raquítico do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, de apenas 0,60% ante os três meses anteriores, disparou um movimento de baixa das taxas futuras de juros. Se antes a curva a termo precificava uma possível alta da Selic no fim de 2013, agora os DIs projetam elevação da taxa básica apenas em 2014.
Além de empurrar o início do ciclo de alta da taxa básica para frente, o PIB fraco faz o mercado discutir a possibilidade de o Comitê de Política Monetária (Copom) até mesmo voltar a reduzir a Selic no ano que vem, em mais um esforço para impulsionar a economia. No fim do dia, as taxas dos contratos com prazos mais curtos mostraram perdas, mas as longas retornaram a patamares próximos do ajuste de quinta-feira.
No fim da sessão regular, a taxa do contrato futuro de juros com vencimento em janeiro de 2014 (827.645 contratos) marcava 7,21%, ante 7,29% do ajuste de ontem. Já o DI para janeiro de 2015 (346.780 contratos) tinha taxa de 7,83%, ante 7,88% do ajuste anterior. Entre os contratos com prazos mais longos, o DI para janeiro de 2017 (228.795 contratos) tinha taxa de 8,71%, ante 8,70% do ajuste, enquanto o DI para janeiro de 2021 (4.810 contratos) marcava 9,38%, ante 9,36%.
"Naturalmente, as taxas registraram fortes quedas, já que os resultados do PIB foram decepcionantes", resumiu o economista Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil. "E a queda dos investimentos sinaliza que a economia vai continuar tendo dificuldades para crescer."
O crescimento de 0,60% do País no terceiro trimestre ante o período anterior ficou abaixo do piso das estimativas dos analistas consultados pelo AE Projeções, que esperavam alta de 0,90% a 1,40%. A mediana era de 1,20%. Em relação ao terceiro trimestre de 2011, o avanço foi de 0,9%, também abaixo do piso das estimativas do AE Projeções, que variavam de 1,10% a 2,12%, com mediana de 1,90%. Para piorar, o PIB do segundo trimestre foi revisado para alta de 0,2%, ante o crescimento de 0,4% originalmente informado.
Setorialmente, o PIB de serviços surpreendeu negativamente, ao apontar estabilidade no terceiro trimestre ante o período anterior e alta de 1,4% ante o terceiro trimestre de 2011. O PIB da indústria subiu 1,1% na margem e recuou 0,9% ante o terceiro trimestre do ano passado. Já o setor de agropecuária trouxe certo alento, com alta de 2,5% no terceiro trimestre ante o segundo e elevação de 3,6% ante o terceiro trimestre do ano passado.
No caso dos investimentos, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) caiu 2,0% no terceiro trimestre ante os três meses anteriores. Em relação ao terceiro trimestre de 2011, a FBCF recuou 5,6%. O consumo do governo, por sua vez, avançou apenas 0,1% na margem e 3,2% ante o terceiro trimestre de 2011.
"A taxa de investimento veio muito baixa e o mercado já fala em PIB de 3% em 2013", comentou o gerente de renda fixa da Leme Investimentos, Paulo Petrassi. Segundo ele, a curva a termo hoje passou a indicar a manutenção da Selic em 7,25% em um longo período de tempo - na prática, durante todo o ano de 2013. Este movimento, aliás, está em sintonia com as comunicações mais recentes do Banco Central (BC), que destacou "a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado".
Petrassi afirmou ainda que o baixo crescimento pode fazer o BC mudar de ideia sobre a "manutenção" e até mesmo efetuar novos cortes da Selic no ano que vem. Para a economista Monica Baumgarten de Bolle, professora da PUC-RJ, "nesse cenário de economia crescendo bem abaixo do potencial, o Banco Central deverá baixar os juros em mais 100 pontos-base no próximo ano". Para profissionais do mercado, resta saber se a inflação vai dar espaço para isso.

Ações de elétricas disparam após revisão de indenizações


A mudança de postura do governo é recebida como um esforço de última hora por parte do governo para convencer as empresas

Eduardo Tavares - Arena do Pavini
  
São Paulo - As ações de empresas do setor elétrico disparam no pregão de hoje, após a notícia de que o governo federal decidiu aumentar o valor de indenização para as hidrelétricas que aderirem à renovação antecipada das concessões. O governo também vai oferecer um ressarcimento adicional às transmissoras de energia , o qual pode chegar a até R$ 10 bilhões.
Por volta das 12h30, as ações preferenciais série B (PNB, sem direito a voto) da Eletrobras tinham alta de 17,67% e as ordinárias (ON, com direito a voto) subiam 9,92%. As ações PN da Transmissão Paulista avançavam 12,81%.
A mudança de postura do governo é recebida como um esforço de última hora por parte do governo para convencer as empresas, já que o prazo para que elas assinem a renovação antecipada das concessões do setor elétrico vence na segunda-feira.
Segundo reportagem da Agência Brasil, a indenização para cada uma das dez usinas de oito empresas que ainda não decidiram se vão aderir à renovação antecipada será aumentada em R$ 870,3 milhões.
O secretário executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Márcio Zimmermann, afirmou ontem que o governo reavaliou o que estava previsto na Medida Provisória 579, a partir dos recursos que as empresas do setor elétrico apresentaram ao ministério. "Aqueles considerados justos estão sendo acatados, para empresas de geração", disse Zimmermann.
Segundo o secretário, houve erros de cálculo na definição das indenizações, os quais foram cometidos por causa de "falhas na aplicação da metodologia".
Entre as empresas com valores revisados, a maior beneficiada foi a Usina Hidrelétrica Três Irmãos, da Companhia Energética de São Paulo (Cesp). Ela receberá um aumento de R$ 752 milhões na indenização. Com a revisão, o valor oferecido chegará a R$ 1,737 bilhão, para R$ 995,7 milhões oferecidos anteriormente.
Transmissão
O governo anunciou ainda que indenizará as transmissoras de energia que renovarem o contrato de concessão por ativos não depreciados anteriores a 2000. Pelas regras atuais, os ativos anteriores a maio de 2000 não entrariam na conta das indenizações, por serem considerados totalmente amortizados.
O governo não informou o valor da indenização adicional às transmissoras. Mas, segundo uma fonte envolvida nas negociações afirmou à agência Reuters, ela ficará entre R$ 9 bilhões e R$ 10 bilhões, que vão se somar aos cerca de R$ 13 bilhões oferecidos inicialmente.
O pagamento dessas indenizações às transmissoras poderá ser feito ao longo do novo prazo de concessão de 30 anos. A alteração será feita por complementação da MP 579, publicada hoje em Diário Oficial. As condições do pagamento dessas indenizações, contudo, serão reveladas apenas após o dia 4 de dezembro.
Zimmermann ressaltou que a iniciativa tem o objetivo de tornar a proposta de adesão "mais atrativa". A expectativa do governo é que, com essa mudança nas regras, todas as empresas aceitem as novas condições e optem por aderir à renovação antecipada.