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domingo, 26 de fevereiro de 2012

Decisões europeias e agenda dos EUA garantem semana agitada para o Ibovespa

SÃO PAULO - A semana reduzida pelo feriado de Carnaval trouxe um período de baixo volume para o Ibovespa. O principal benchmark brasileiro terminou o período que se estendeu entre 22 e 24 de fevereiro com queda de 0,39%, aos 65.942 pontos. Apesar da semana terminar em queda, o índice acumula ganho de 16,19% desde o início do ano.
Sem grandes destaques na agenda econômica local e com o intervalo na divulgação de balanços trimestrais pelas companhias neste período, as atenções do mercado permaneceram nos eventos externos. A Grécia conseguiu a aprovação do pacote de ajuda e, após isso, o Gabinete do país acertou os detalhes da transação.
Os indicadores favoráveis referentes à economia nos EUA mantiveram o tom positivo para o mercado, na opinião do estrategista da Futura Investimentos, Adriano Moreno. Na semana, o dado sobre confiança do consumidor nos Estados Unidos, que veio melhor no período de um ano, foi um dos drivers para o desempenho das bolsas mundiais.
Semana de definições na Zona do Euro
Depois das negociações truncadas nesta semana, é esperada para este fim de semana a conclusão dos detalhes para o swap da dívida grega. Adriano Moreno afirma que esta definição pode contribuir para a continuidade do viés positivo do Ibovespa entre os dias 27 de fevereiro e 2 de março.
Os investidores aguardam por um desfecho positivo para a reunião entre ministros de Finanças e líderes dos bancos centrais do G-20, que acontece na cidade do México durante o final de semana. Na ocasião será discutida a ampliação dos recursos para o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o ESM.
Ficará em destaque ainda no período, na visão do diretor da Tradeal Investimentos, Leonardo Hermoso, o refinanciamento de bancos europeus pelo BCE (Banco Central Europeu), quando deverão ser despejados R$ 500 bilhões nessas instituições.
Pode pesar pelo lado negativo também o alerta da agência de classificação de risco Moody's sobre a possível revisão da nota do Japão. "Por outro lado, o superávit da conta corrente ajudou a compensar bastante a dívida pública japonesa", pondera Hermoso.
Agenda dos EUA e Petrobras podem puxar alta
Leonardo Hermoso afirma que além das definicões na Europa, a agenda repleta de indicadores econômicos nos Estados Unidos também favorece o tom positivo para o Ibovespa na semana, caso venham acima ou em linha com o esperado pelo mercado.
O diretor destaca ainda que no mercado interno, apesar da produção industrial de janeiro ter caído, diminuiu a retração e aumentou a capacidade produtiva, o que sinaliza o cenário positivo na economia também por aqui. “Isso mostra que não só lá fora, mas aqui também o mercado está mostrando sinais de uma boa semana”, afirma Hermoso.
Também no front doméstico, a possível continuidade do bom desempenho da Petrobras (PETR3, PETR4) impulsionado pelas recentes descobertas nas bacias de Santos, pode colaborar com o desempenho do benchmark brasileiro no período. "Como a Petrobras tem um grande peso na bolsa, a continuidade da alta pode contribuir para a semana positiva também", afirma o diretor da Tradeal Investimentos.
Na última sessão da semana, o mercado fechou em leve alta, puxado em parte pelas ações da Petrobras, que representam 10,86% de todo o peso do índice. As ações ordinárias registraram alta de 2,37% na sexta-feira, terminando cotadas a R$ 25,95. Já os papéis preferenciais, de maior liquidez e peso, tiveram ganhos de 2,34% no pregão, terminando aos R$ 24,48.
A busca por novos patamaresApesar de concordarem sobre a relevância dos eventos externos e da agenda norte-americana para o bom desempenho do mercado na próxima semana, Leonardo Hermoso e Adriano Moreno divergem sobre a possível pontuação no período.
Moreno afirma que apesar de o Ibovespa manter o viés positivo, a redução do fluxo estrangeiro registrado no mês de fevereiro diminui a possibilidade de atingir novos patamares já na próxima semana. “O grande impulso que acompanhamos no índice ocorreu pelo forte fluxo estrangeiro no começo do ano, que começa a ser reduzido em fevereiro. Com isso, o viés positivo permanece, mas o índice deve se manter em torno do 65.000 pontos, o que é um bom patamar para a precificação da bolsa brasileira neste momento”, explica Moreno.
Mais otimista, Hermoso afirma que a agenda bastante relevante nos EUA pode contribuir para o rompimento da barreira dos 66.500 mil pontos no período, podendo levar o índice aos 67.300 pontos.
“No meu ponto de vista, o mercado parou de operar em cima de notícias e voltou a operar em cima de dados. Como o mercado está mais racional, esses dados saindo positivos ou em linha, vai forçar esse rompimento. Por outro lado, qualquer dado negativo o mercado também vai penalizar o mercado”, afirma.
Vale mencionar ainda que o investidor acompanha por aqui o retorno da divulgação dos balanços trimestrais. Entre elas, devem apresentar seus números ao mercado a Lojas Renner (LREN3), OdontoPrev (ODPV3), Lojas Americanas (LAME4) e BR Malls (BRML3).